Solidariedade às vítimas da tragédia em Petrópolis

Cidade tem imigração histórica e alta concentração de descendentes italianos
As fortes chuvas que atingiram a cidade de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, na última terça-feira (15) provocaram, até o momento, mais de 100 mortes, segundo informações da Defesa Civil. A parte central do município ficou inundada e um grande deslizamento de terra no Morro da Oficina foi registrado, atingindo cerca de 80 residências. A prefeitura da cidade decretou estado de calamidade pública devido às chuvas.

Além das inundações, o mal tempo provocou diversas quedas de árvores e deixaram pessoas ilhadas. Em seis horas, o acúmulo de chuva atingiu a marca de 260 milímetros, sendo que a média prevista para o mês de fevereiro inteiro era de 232 mm.
A cidade, que possui uma das maiores comunidades italianas dentro do estado do Rio com cerca de 115 mil descendentes, organiza anualmente o festival Serra Serata – Tutti a Tavola, que tem como objetivo manter viva a tradição da cultura italiana em Petrópolis e fomentar o segmento gastronômico local na retomada da economia e da atividade turística da cidade.

Imigração italiana em Petrópolis
A imigração italiana em Petrópolis aconteceu entre o final do Século XIX e o início do Século XX, e se concentrou, basicamente, em Cascatinha e no Alto da Serra; teve por objetivo fornecer mão-de-obra operária para as indústrias têxteis da época.
Em Cascatinha, sede da Companhia Petropolitana de Tecidos, que data de 1873, os italianos respondiam por cerca de 40% (quarenta por cento) da população local.
Em 1903, foi fundada, no Alto da Serra, a Fábrica Cometa, que também, em larga medida, valeu-se do trabalho de italianos que, por não possuírem um lugar para residência, foram morar, muitos deles, na vila operária de Cascatinha.
Desde a chegada ao Brasil, as condições desses estrangeiros não eram favoráveis, até porque inexistiam leis trabalhistas que lhes assegurassem direitos.
Por isso, movidos por sentimentos de solidariedade étnica, foi que os italianos criaram sociedades de mútuo socorro, que visavam manter a união entre eles, ao mesmo tempo em que buscavam suprir as carências que encontravam em uma Petrópolis em ritmo crescente de urbanização e industrialização, com toda a dificuldade que esse processo traz para a vida da população.
Duas das quatro sociedades de italianos existentes em Petrópolis funcionavam em Cascatinha: a Società Operaria Italiana di Mutuo Soccorso di Cascatinha, de 27 de outubro de 1902 e, também, a Società Italiana de Beneficenza Principe di Piemonte, di Cascatinha, Stato di Rio de Janeiro, instituída em 06 de agosto de 1905.
Assim, a história de Petrópolis deve ser contada tanto à luz da colonização germânica no 1º Distrito, quanto da imigração italiana, operária e proletária.
Tradições legadas pelos italianos se mantém vivas até hoje no cotidiano da cidade, como: a tradição católica, que muito enriqueceu de festas e devoção desses bairros italianos, os jogos de bocha, que até a bem pouco tempo era praticado na Praça de Cascatinha, e no ponto mais visível para a maioria das pessoas, que é a gastronomia, com as tradicionais massas feitas com receitas caseiras que perpassam gerações.
Muitos são os exemplos da vida em sociedade tendo os italianos em destaque no clássico livro “Os Italianos em Petrópolis” de José de Cusatis, que traz em uma narrativa livre e de um interesse quase literário, o legado de tantas famílias italianas, seus valores individuais e também os “causos” divertidos que animam o senso comum quando se fala da espontaneidade e da alegria dos italianos.
Saiba como ajudar:
A Comdep está convocando trabalhadores emergenciais para a recuperação de Petrópolis. Para mais informações, acesse @petropolis_pmp
A SOS Serra está arrecadando doações para ajudar as famílias da região afetada. Para mais informações, acesse @sos_serra