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Sergio Mattarella faz apelo pela paz, pelo combate à pobreza e exalta os laços entre Brasil e Itália

20 de julho de 2024 - Por Mauricio Cannone
Sergio Mattarella faz apelo pela paz, pelo combate à pobreza e exalta os laços entre Brasil e Itália

Mais paz em todo o mundo com a sintonia de Brasil e Itália, estreitamento das relações entre os dois países em diversas áreas, combate à fome. Isso tudo além do contato direto com a comunidade italiana, com a cultura, com pontos turísticos como Pão-de-Açúcar, Cristo Redentor, iluminado com as cores verde, branca e vermelha da bandeira italiana, Cidade do Samba, Mosteiro Beneditino, Casa D’Italia. Assim foi a visita do Presidente da Itália, Sergio Mattarella ao Rio de Janeiro. A Cidade Maravilhosa foi a quarta etapa da estadia do Chefe de Estado no Brasil, após ter visitado Brasília, Porto Alegre, São Paulo e antes de seguir para Salvador e de lá voltar para a Itália.

Em discurso no CEBRI, Centro Brasileiro de Relações Internacionais no bairro carioca da Gávea, Mattarella destacou os laços profundos que ligam Brasil e Itália na época em que se comemoram 150 anos da imigração italiana. Discurso que teve apresentação de Marcos Azambuja, diplomata de carreira que exerceu diversos cargos importantes entre os quais de secretário-geral do Itamaraty. Contou ainda com outras presenças ilustres como do Embaixador da Itália, Alessandro Cortese, do Cônsul-Geral italiano no Rio, Massimiliano Iacchini, com Rubens Ricupero, Ministro da Fazenda do Brasil no governo do Presidente Itamar Franco, além de ter sido titular de outras pastas e Embaixador do Brasil na Itália. Também presente o Embaixador Paolo Bruni, conselheiro internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, ex-Cônsul-Geral da Itália no Rio.

Mattarella agradeceu e enalteceu o país sul-americano por ter acolhido tantos migrantes de sua terra:

—  O Brasil deu lições de civilidade não apenas por ter acolhido imigrantes, mas pelo crescimento social deles. O Brasil tornou cidadãos imigrantes vindos de diversas partes do mundo. As relações de amizade com o Brasil representam patrimônio comum, o qual é alimentado pela contribuição dos mais de 800 mil italianos aqui residentes e pela maior comunidade de ítalo-descendentes no mundo inteiro — ressaltou, lembrando os cerca de 30 milhões de descendentes de italianos espalhados pelo Brasil

O Presidente Italiano destacou o papel da imigração de seu país na terra que os acolheu:

— Tiveram papel ativo em construir o Brasil de hoje, o seu desenvolvimento e a sua prosperidade. Somos gratos ao Parlamento Brasileiro por ter instituído a data de 21 de fevereiro como Dia do Imigrante Italiano como recordação do desembarque em Vitória, em 1874, de uma centena de italianos que partiram de Gênova a bordo do vapor La Sofia. Traziam consigo poucos bens, mas tinham a iniciativa de moldar um país. Esta terra generosa ofereceu trabalho e oportunidade. E isso alimenta o reconhecimento da parte da Itália.

Gigante pela própria natureza

O Chefe de Estado recordou que desde 2000 um Presidente da Itália não visitava o Brasil:

— Após 24 anos da visita do Presidente Ciampi decidi de fazer viagem que pudesse permitisse fazer experiências de diversos aspectos da realidade do país. É uma rica experiência que permite apreciar a variedade multiforme do Brasil. Um país de dimensões continentais. Gigante pela sua própria natureza, como recita o vosso Hino Nacional.

Para Mattarella, o Brasil tem destaque no panorama internacional principalmente em um aspecto:

— O Brasil representa um dos maiores protagonistas no panorama das democracias mundiais. No mundo de hoje a democracia não goza de boa saúde. Isso nos interessa e nos preocupa porque está em jogo o bem do homem. Não são palavras minhas. Foram pronunciadas poucos dias atrás, com a eficácia que o caracteriza, pelo Papa Francisco, o primeiro pontífice sul-americano.

Aliança contra a pobreza

A visita, como lembrou o Presidente da Itália, acontece em um ano especial e elogiou os esforços brasileiros na aliança global contra fome e pobreza, contra a crise climática:

— Num ano que aos nossos países foram confiadas responsabilidades. Em 2024, o Brasil foi chamado para comandar o G-20. Enquanto a Itália preside o G-7. Há temáticas fundamentais para o nosso planeta. Quero recordar a defesa italiana do multilateralismo. Por ocasião do G-7 a Itália estendeu as suas prioridades a um número muito amplo de países. Determinação a superar fraturas e conflitos. Nas conversas em Brasília com o Presidente Lula pude apreçar os alinhamentos e prioridades que o Brasil se deu na presidência do G-20. Inclusão social, luta à pobreza, à fome. Desenvolvimento sustentável, transição energética, igual taxação econômica que geram imensos lucros, sobre a reforma da governança mundial. Entre as presidências do G-20 e do G-7 existem amplas sintonias.

Ele enfatizou ainda mais a luta contra a miséria e pela paz:

— Hoje há mais 120 milhões de pessoas malnutridas que antes de 2019 — disse o Chefe de Estado. 

Ele lembrou tragédias que vieram depois como a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, à qual criticou duramente pela invasão russa. Mas disse ser ilusão que a guerra. E enfatizou que Brasil e Itália querem contribuir para a paz no mundo.

Presidente saúda comunidade italiana

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Presidente do Grupo Comunità, Pietro Pieteaglia, com o Presidente da Itália, Sergio Mattarella

Grupo de italianos e oriundos estabelecidos no Rio de Janeiro e no Espírito Santo tiveram o privilégio de encontro especial com o presidente Sergio Mattarella no Hotel Fairmont, no famoso bairro carioca de Copacabana. O Embaixador Alessandro Cortese fez a apresentação:

— Visita histórica. Acredito que o Presidente, a Senhora Laura (filha de Sergio Mattarella) e o Vice-ministro Cirielli (Edmondo Cirielli, Vice-Ministro das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional da Itália) me permitam passar a palavra ao dono da casa, o Cônsul-Geral Iacchini.

Iacchini agradeceu ao Embaixador e falou sobre a importância da visita do Presidente:

— É grande honra, imenso prazer dar as boas-vindas ao Senhor Presidente da República, à Senhora Laura, ao Vice-Ministro Cirielli e à delegação que veio da Itália. Aqui diante do senhor Presidente há representação qualificada da nossa comunidade a Rio de Janeiro. Comunidade italiana e ítalo-brasileira. São amigos da Itália originários de vários setores da sociedade civil, do comércio, da economia, representantes de empresas que operam aqui. Cultura. Gosto de dizer que são todos nossos parceiros. Toda essa comunidade ajuda no cumprimento da nossa missão. 

E pouco depois, Mattarella agradeceu ao Embaixador e ao Cônsul e saudou a todos:

— Quero reforçar essa proximidade das comunidades italianas que trabalham aqui e os brasileiros de ascendência italiana. A mais numerosa no mundo. Em todas as pessoas que encontrei nessa visita, do presidente Lula a todos os interlocutores pude verificar esses pontos de unificação dos nossos países. 

O Presidente reforçou um aspecto dos vários laços que unem os dois países:

— A parte cultural é particularmente intensa. É significativo que a Bienal de Arte de Veneza tenha como coordenador este ano um brasileiro (Adriano Pedrosa). Pela identidade de sensibilidade artística e cultural que há entre os nossos países. Isso existe também em vários setores, da economia às relações institucionais. À segurança, à pesquisa tecnológica.         

Depois de seu discurso, Mattarella cumprimentou todos os convidados um por um.

Mattarella abre exposição na Biblioteca Nacional

Uma parada a um dos símbolos da cultura no Rio que não poderia faltar: a Biblioteca Nacional. Sergio Mattarella foi recebido lá por Marco Lucchesi, presidente da Biblioteca e colunista de Comunità Italiana. O Chefe de Estado italiano inaugurou a exposição “Rio: Nova Roma – Alianças Culturais – 150 Anos de Imigração Italiana”, montada fisicamente no átrio da Biblioteca exclusivamente para a visita de Mattarella. A mostra pode ser acessada pela internet, no endereço https://bndigital.bn.gov.br/exposicoes/rio-nova-roma-aliancas-culturais/

Margareth Menezes, Ministra da Cultura do Brasil, também prestigiou a visita:

— O Presidente da Itália veio visitar a Biblioteca Nacional, tesouro que o Brasil tem bem no 150º aniversário da Imigração Italiana e tem aqui 30 milhões de descendentes que fazem parte da sociedade brasileira. Também quero agradecer ao nosso querido Marco Lucchesi por ter preparado essa exposição tão especial. 

Lucchesi estava eufórico com a visita de Mattarelli:

— Foi um dia profundamente emocionante para todos nós. O Presidente Mattarella é figura muito respeitada. É depósito e reserva democrática para a Itália e para a Europa. É muito importante a presença da ministra Margareth. Quero agradecer a ela e fazer agradecimento enorme a todos os servidores e colaboradores da casa que em tempo recorde prepararam exposição tão rica quanto esta. Sou de origem italiana. Podem imaginar como meus neurônios, coração estão batendo forte. Há 40 anos não tínhamos a visita de um presidente estrangeiro.

A Ministra lembrou que foi justamente um ex-Ministro da Cultura e ícone da música brasileira que sugeriu o nome de Lucchesi para presidir a Biblioteca Nacional:

— Foi o Gilberto Gil quem me disse: “Olha, chama o Marco Lucchesi”.

Lucchesi respondeu brincando:

— Foi o único erro do Gilberto Gil e da Ministra. Mas eles não têm culpa.  

De volta a Mattarella. Lucchesi disse que o Presidente da Itália gostou muito da exposição:

— O Presidente estava muito emocionado porque é quase impossível pensar que num país tão jovem quanto o Brasil se encontrem, por exemplo, páginas importantíssimas do Renascimento em originais muito bem conservados. Uma coleção de desenhos comprados em 1819 têm uma grande riqueza e uma representação de Guercino, Carracci, é de uma riqueza e o Presidente Mattarella estava emocionado e feliz. No final ele me pediu um abraço, eu lhe dei um abraço. O Presidente Mattarella ficou muito emocionado ao adentrar a sala de iconografia porque ali encontrou um “amigo dele”, entre aspas, ninguém menos do que Piranesi, a grande obra de um gênio da gravura de todos os tempos. Ele disse: “Como é que isso está tão bem conservado assim?” “Presidente, não é só o tempo. São servidores desta casa”.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.

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