A companhia irlandesa de baixo custo Ryanair ameaçou punir funcionários italianos que participarem de uma greve no setor aéreo convocada para a próxima sexta-feira (15) e enfureceu o governo do país, que prometeu intervir para garantir o direito à paralisação.
Além da Ryanair, a manifestação envolverá as empresas Alitalia, Vueling e Enav, que administra o tráfego aéreo na Itália
Para evitar a greve, a diretoria da companhia irlandesa enviou uma carta interna “convidando” seus tripulantes italianos a se absterem da paralisação, a menos que aceitem o risco de sofrer “sanções”.
Quem participar do movimento pode perder “aumentos de salário, transferências ou promoções”. O documento é assinado pelo chefe de pessoal da Ryanair na Itália, Eddie Wilson. “É uma coisa indigna”, disse o ministro do Desenvolvimento Econômico italiano, Carlo Calenda, acrescentando que a empresa irlandesa não pode “desrespeitar as regras” – o direito à greve é garantido pela Constituição do país. Já o ministro do Trabalho, Giuliano Poletti, falou que a ameaça da Ryanair é uma coisa “gravíssima” e que todas as autoridades devem “fazer sua parte”. “A nós compete o controle da correta aplicação dos contratos e das leis trabalhistas. Cuidaremos disso”, garantiu.
Por sua vez, o presidente da Comissão de Garantia das Leis sobre Greves, Giuseppe Santoro Passarelli, afirmou que a Ryanair parece não estar em “conformidade com os princípios” do ordenamento jurídico italiano.
A greve
A greve foi convocada por sindicatos, mas os motivos variam de empresa para empresa. No caso do grupo irlandês e da Enav, o objetivo é forçar a adoção de um sistema mais “sustentável” e benéfico para os trabalhadores.
Já os funcionários da Alitalia, que está à venda, acusam o governo italiano de querer “liquidar” a companhia, o que pode causar demissões e reduções de salário na equipe. A Ryanair se recusa a negociar com sindicatos independentes, o que arrisca estender a greve para outros países europeus, como Irlanda e Alemanha. (ANSA)