Editoriais
O coronavírus condicionou todos nós a seguirmos novas regras e teve efeitos devastantes em todos os países. Afinal, a crise é sempre aquela que encontra as pessoas despreparadas. Todos passamos por momentos de crises pessoais que demandam sempre escolhas difíceis. E todas as crises são resolvidas na mesma proporção do esforço para enfrentá-las. A incerteza é uma fase da condição humana e a crise é o momento em que ela entra em cena. O indivíduo está na condição psicológica de se recuperar por soluções desconhecidas ou, ainda, de se entregar na estrada do medo, da renúncia, da depressão.
E nessa ótica, o homem moderno se move cada vez menos, porque acha que encontrará tudo a um click. Mas quando se defronta com uma pandemia global, a crise individual subjetiva se transforma em planetária. Essa sensação de solidão gera um tsunami epidêmico, pela privação das relações sociais, privação do calor humano. Para muitos, se resume em viver sozinhos, adoecer sozinhos, se recuperar ou morrer sozinhos.
Diante de um cenário caótico em que o mundo vive, Comunità mostra os lados possíveis dessa hecatombe que se abateu sobre todos nós. Uma ampla reportagem publicada nesta edição mostra os cenários na Itália e no Brasil, com comoventes depoimentos de italianos e brasileiros, do embaixador Francesco Azzarello, do sociólogo Domenico De Masi, enfim, uma profunda repercussão para que possamos ver com exatidão a dimensão desse triste retrato do mundo atual refém de um vírus.
O desafio da recuperação econômica será épico, para todos. Diante do problema, a Europa busca soluções e repostas rápidas, mas ainda não satisfatórias. Para o presidente italiano Sergio Mattarella “é preciso a mesma unidade e esforço do pós-Guerra”. E está certo. É preciso que as instituições demonstrem unidade e programas econômicos eficazes. Como recentemente argumentou a respeitável economista brasileira Monica Baumgarten de Bolle, pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics (PIIE), de Washington, “dane-se o estado mínimo. É preciso gastar e errar pelo lado do excesso”. Sem ousadia e, em primeiríssimo lugar, comprometimento com a vida, nenhum governante será respeitado por seu povo. O retrato mais profundamente existencialista da realidade atual teve o papa Francisco como protagonista. Na deserta praça de São Pedro, no Vaticano, ele caminhava sozinho e em meio a uma fina chuva. O papa rezava solitário pelo fim da pandemia. Ali, somente Deus o escutava. O mundo reinado hoje pelo coronavírus não permite interlocutores. Mesmo assim o papa alerta: “Ninguém se salva sozinho”. Porque, no fim, o que temos de mais eficaz e rico somos nós mesmos, o nosso espírito.
Boa leitura!
Residui di virus
Il coronavirus ha condizionato tutti noi a seguire nuove regole ed ha avuto effetti devastanti in tutti i paesi. Dopotutto, la crisi è sempre quella che trova le persone impreparate. Tutti attraversiamo momenti di crisi personali che ci richiedono sempre delle scelte difficili. E tutte le crisi sono risolte nella stessa proporzione dello sforzo fatto per affrontarle. L’incertezza è una fase della condizione umana che entra in scena in un momento di crisi. L’individuo si trova in una condizione psicologica affine di riprendersi tramite soluzioni sconosciute o, persino, di arrendersi sulla strada della paura, della rinuncia, della depressione.
In questa prospettiva, l’uomo moderno si muove sempre meno, perché pensa di trovare tutto con un clic. Ma di fronte a una pandemia globale, la crisi individuale soggettiva diventa planetaria. Questa sensazione di solitudine genera uno tsunami epidêmico, a causa della privazione delle relazioni sociali, della privazione del calore umano. Per molti, si tratta di vivere da soli, ammalarsi da soli, riprendersi o morire da soli.
Di fronte a uno scenario caotico in cui vive il mondo, la ‘Comunità’ mostra i possibili lati di questa catastrofe che ci ha colpiti tutti. Un ampio articolo pubblicato in questa edizione mostra gli scenari in Italia e in Brasile, con commoventi testimonianze di italiani e brasiliani, dell’ambasciatore Francesco Azzarello, del sociologo Domenico De Masi e, insomma, una profonda ripercussione in modo da poter capire con precisione la dimensione di questo triste ritratto dell’attuale ostaggio mondiale di un virus.
La sfida della ripresa economica sarà epica, per tutti. Di fronte al problema, l’Europa è alla ricerca di soluzioni e risposte rapide, ma che non sono ancora soddisfacenti. Per il presidente italiano Sergio Mattarella “ci vuole la stessa unità e lo stesso sforzo del dopoguerra”. Ed è giusto. Le istituzioni devono dimostrare unità e programmi economici efficaci. La rispettabile economista brasiliana Monica Baumgarten de Bolle, ricercatrice senior presso il Peterson Institute for International Economics (PIIE) di Washington, ha recentemente sostenuto che “si freghi lo stato minimo. È necessario spendere e commettere errori dalla parte dell’eccesso”. Senza audacia e, innanzitutto, l’impegno per la vita, nessun sovrano sarà rispettato dal suo popolo. Il ritratto più profondamente esistenzialista della realtà attuale ha come protagonista il Papa Francesco. Nella deserta Piazza San Pietro, in Vaticano, camminava da solo e sotto una pioggia leggera. Il Papa ha pregato da solo per la fine della pandemia. Lì, solo Dio l’ha ascoltato. Il mondo, dove oggi regna il coronavirus, non consente interlocutori. Anche così, il Papa avverte: “Nessuno si salva da solo”. Perché, alla fine, ciò che abbiamo di più efficace e ricco siamo noi stessi, il nostro spirito.
Buona lettura!