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Presidente da Ucrânia realiza primeira visita oficial à Itália desde o início da invasão russa

15 de maio de 2023 - Por Comunità Italiana
Presidente da Ucrânia realiza primeira visita oficial à Itália desde o início da invasão russa

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, desembarcou em Roma no último sábado (13) para sua primeira visita oficial à Itália desde o início da invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro de 2022. Em reuniões com o presidente Sergio Mattarella e a premiê Giorgia Meloni, o líder ucraniano agradeceu pelo apoio italiano no conflito e ouviu a promessa de que a ajuda, inclusive militar, continuará enquanto Kiev não obtiver uma “paz justa”.

Sob forte esquema de segurança, Zelensky aterrissou em Roma por volta de 10h15 (horário local) e seguiu para um hotel em Roma, de onde se dirigiu ao Palácio do Quirinale, sede da Presidência da República.

“É uma honra tê-lo aqui em Roma. Pedi para encontrá-lo novamente após nossa reunião de anos atrás, mesmo nessa condição diferente. Nós estamos plenamente a seu lado”, afirmou Mattarella ao receber Zelensky.

“Reconfirmo o pleno apoio da Itália à Ucrânia no plano das ajudas militares, financeiras, humanitárias e de reconstrução, em breve e longo prazo. Estão em jogo não apenas a independência e a integridade territorial da Ucrânia, mas também a liberdade dos povos e a ordem internacional”, acrescentou o presidente italiano.

Mattarella ainda garantiu apoio à candidatura ucraniana a membro da União Europeia e disse que a paz com a Rússia deve ser “verdadeira, e não uma rendição”.

Zelensky, por sua vez, disse que gostaria de “abraçar os italianos, um por um, pelo apoio em todos os níveis”. “Temos valores em comum com a Itália. Nós somos pela paz, nossa vitória é a paz. Estamos abertos a todas as contribuições internacionais, mas a paz deve prever justiça em todo o nosso território”, declarou.

Em uma mensagem no Telegram, o presidente ucraniano ainda acrescentou que a Itália está “do lado certo” na guerra. “Estamos nos movimentando na direção da vitória”, garantiu.

Em seguida, Zelensky foi ao Palácio Chigi, sede do governo, para seu segundo encontro com Meloni, que esteve em Kiev em fevereiro passado e manteve a linha da gestão de Mario Draghi de apoio incondicional à Ucrânia.

Durante a reunião, a primeira-ministra assegurou que o suporte militar de Roma continuará até que se chegue a uma “paz justa”, o que só poderá existir quando “a Rússia cessar as hostilidades”.

Em coletiva de imprensa após a reunião, Meloni garantiu que aposta “na vitória da Ucrânia” e assegurou apoio a Kiev contra Moscou. “Continuaremos a fornecer suporte, inclusive militar, para que a Ucrânia possa chegar às negociações com uma posição sólida”, disse a premiê, acrescentando que a paz não pode ser uma “rendição”.

“Só se chegará na paz quando a Rússia cessar as hostilidades. Apoiamos a fórmula de paz em 10 pontos do presidente Zelensky e reconhecemos as legítimas aspirações europeias da Ucrânia”, declarou a primeira-ministra.

Segundo Meloni, o futuro da Ucrânia “é de paz e liberdade e é um futuro europeu, não existem outras soluções”. “Não somos hipócritas de chamar de paz qualquer coisa que se assemelhe a uma invasão. Não a uma paz injusta e imposta à Ucrânia. Qualquer acordo terá de ser apoiado pelo povo ucraniano”, ressaltou a premiê, que ainda disse ter uma “amizade pessoal” com Zelensky.

Meloni esteve em Kiev em fevereiro passado, e a Itália sediou uma conferência para a reconstrução da Ucrânia no fim de abril.

“Giorgia, agradeço pela possibilidade de estar neste belíssimo país, com uma grande história. Estou aqui para apertar sua mão e agradecer por ter dado refúgio a cidadãos ucranianos. Jamais esquecerei disso”, afirmou o presidente.

Na coletiva de imprensa, Zelensky denunciou o sequestro de 200 mil crianças ucranianas pela Rússia e disse que as Forças Armadas derrubaram 17 drones iranianos em apenas sete horas neste sábado. “Essa é a agressão russa”, salientou.

O mandatário ainda convidou “todos os líderes políticos italianos e representantes da sociedade civil” a visitar a Ucrânia para ver “o que Putin fez”. “Aí vocês entenderão por que nos opomos a esse mal”, acrescentou.

Papa recebe Zelensky e pede ‘gestos de humanidade’ na Ucrânia

Ainda no sábado, o papa Francisco recebeu, no Vaticano, o presidente da Ucrânia no primeiro encontro entre os dois desde o início da invasão russa. A reunião durou cerca de 40 minutos e ocorreu em meio à polêmica sobre a missão de paz anunciada recentemente pela Santa Sé, mas negada tanto por Kiev quanto por Moscou.

“Agradeço por essa visita”, disse o pontífice ao receber Zelensky, apoiado em uma bengala. “É uma grande honra”, respondeu o presidente.

Segundo o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, a conversa girou em torno da “situação humanitária e política provocada pela guerra em curso na Ucrânia”. “O Papa assegurou sua oração constante, testemunhada pelos seus tantos apelos públicos pela paz, desde fevereiro do ano passado”, declarou Bruni.

Jorge Bergoglio também destacou a “necessidade urgente de gestos de humanidade em relação às pessoas mais frágeis, vítimas inocentes do conflito”.

Zelensky, por sua vez, agradeceu pela “atenção pessoal” de Francisco em relação à “tragédia de milhões” de pessoas em seu país.

“Falei sobre as dezenas de milhares de crianças ucranianas deportadas. Precisamos fazer todos os esforços para fazê-las voltar para casa. Além disso, eu pedi para condenar os crimes da Rússia na Ucrânia porque não pode haver igualdade entre vítima e agressor”, escreveu o presidente no Twitter.

“Também conversei sobre nosso plano de paz como única forma de alcançar uma paz justa. Propus se juntar à sua implantação”, acrescentou.

Francisco ainda presenteou Zelensky com uma pequena escultura que representa um ramo de oliveira, símbolo da paz. Já o presidente deu ao Papa uma imagem da Virgem Maria pintada nos restos de um colete à prova de balas.

Durante a manhã de sábado, em encontro com embaixadores no Vaticano, o pontífice já havia dito que a guerra na Ucrânia produziu “mortes e sofrimentos indizíveis”.

A gestão Zelensky insiste desde o ano passado para o líder católico visitar Kiev e ver de perto os efeitos da invasão russa, mas Bergoglio já reiterou em diversas ocasiões que só aceitará o convite quando também puder ir a Moscou se reunir com o presidente Vladimir Putin.

‘Não precisamos de mediadores’, diz Zelensky sobre Papa

Ainda no sábado, Zelensky, afirmou que não precisa do papa Francisco como possível mediador no conflito com a Rússia.

“Com todo o respeito por Sua Santidade, nós não temos necessidade de mediadores, nós precisamos de uma paz justa”, declarou o mandatário em entrevista ao programa “Porta a Porta”, da emissora pública italiana Rai.

“Nós convidamos o Papa, como outros líderes, a trabalhar por uma paz justa, mas, antes, precisamos fazer todo o resto”, acrescentou Zelensky, ressaltando que “não é possível fazer uma mediação com [Vladimir] Putin”. “Nenhum país do mundo pode fazê-lo”, destacou.

O presidente também disse não estar disposto a falar com seu homólogo russo e previu que o “apoio interno a Putin vai diminuir” quando a contraofensiva “chegar na fronteira da Crimeia”. “Então ele terá de encontrar uma via de saída. Falta pouco”, garantiu.

Zelensky também alertou que, se a Ucrânia cair, os próximos alvos de Moscou serão a Moldávia, que abriga uma região separatista pró-Rússia, a Transnístria, e os Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia).

“Talvez Putin não chegue à Itália, mas os Países Bálticos são membros da Otan, e vocês terão de mandar seus filhos para a guerra”, afirmou.

A participação de Zelensky no “Porta a Porta” ocorreu após sua sequência de encontros com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, e a premiê Giorgia Meloni, em Roma, e o papa Francisco, no Vaticano.

“Foi uma honra para mim encontrar Sua Santidade, mas ele conhece minha posição. A guerra é na Ucrânia, e o plano [de paz] deve ser ucraniano”, disse o presidente, ao ser questionado sobre uma suposta iniciativa do Vaticano para solucionar o conflito.

Ativistas protestam contra visita de Zelensky

Também no sábado, ativistas de esquerda estenderam uma faixa em frente ao Coliseu de Roma para protestar contra o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

“Zelensky não é bem-vindo. Contra a guerra, não às armas para a Ucrânia”, diz o manifesto exibido pela Frente da Juventude Comunista (FGC) diante do monumento mais famoso da capital italiana.

Segundo o secretário nacional da FGC, Lorenzo Lang, o presidente ucraniano “colocou seu país à disposição dos planos imperialistas” da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), posição que ecoa as justificavas da Rússia para o conflito.

“A invasão russa é inaceitável, dizemos isso sem meias palavras. Mas a guerra na Ucrânia é uma guerra imperialista dos dois lados, e o preço é pago pelos povos envolvidos. O governo ucraniano e dos países da Otan são corresponsáveis pela onda de morte e sofrimento que se abateu sobre a Ucrânia”, acrescentou.

O movimento é contra o apoio militar da Itália a Kiev e diz que a “guerra entre potências está reduzindo a Ucrânia a uma pilha de escombros”. (com dados da Ansa)

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.

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