O presidente da Câmara dos Deputados da Itália, Roberto Fico, iniciou no sábado (30) uma nova rodada de consultas com os partidos para verificar a possibilidade de reconstruir a coalizão que apoiava o primeiro-ministro demissionário Giuseppe Conte. Fico, do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), recebeu mandato do presidente da República, Sergio Mattarella, para conduzir a segunda rodada de conversas com as forças políticas e deve retornar ao chefe de Estado até a próxima terça-feira (2).
As consultas prosseguem até este domingo (31) e, nessa etapa, são exclusivas com os partidos e grupos parlamentares que apoiavam o segundo governo Conte: M5S; Partido Democrático (PD), de centro-esquerda; Itália Viva (IV), de centro; Livres e Iguais (LeU), de esquerda; e Movimento Associativo dos Italianos no Exterior (Maie), além de legendas das minorias linguísticas e deputados e senadores independentes.
O objetivo é tentar atrair novamente o Itália Viva, do ex-premiê Matteo Renzi, para a base aliada, após o partido ter saído do governo por discordar de suas políticas para a gestão de repasses da União Europeia. O racha com o IV fez Conte perder sua maioria no Senado.
Mesmo sobrevivendo a um voto de confiança com maioria relativa na Câmara Alta, possibilitada por uma abstenção do Itália Viva, o premiê decidiu renunciar antes que o governo fosse derrubado por alguma derrota no Parlamento.
Opções
Em sua reunião com Fico no sábado, o líder político do M5S, Vito Crimi, reafirmou que o partido não abre mão de Conte como primeiro-ministro. “Reiteramos que a escolha de Conte como líder do governo é indiscutível e fruto de um equilíbrio entre as forças de maioria”, declarou.
A mesma postura foi adotada pelo secretário do PD, Nicola Zingaretti. “O PD está empenhado com grande determinação em escrever um programa para até o fim da legislatura [em 2023], apoiando Conte em seu mandato”, disse.
Renzi e o Itália Viva garantem não ter colocado nenhum veto contra o atual primeiro-ministro, mas mantêm aberta a possibilidade de outro indicado para o cargo.
O partido do centro também demonstra incômodo nos bastidores com alguns membros do governo, como os ministros da Economia, Roberto Gualtieri (PD), e da Justiça, Alfonso Bonafede (M5S), além do coordenador das ações antipandemias, Domenico Arcuri (independente).
Por outro lado, um eventual retorno de Renzi à coalizão pode dividir o Movimento 5 Estrelas (M5S). Ambos sempre foram arqui-inimigos na política italiana, porém foram forçados a se aliar para evitar eleições antecipadas em meio à crise provocada pela saída do líder de extrema direita Matteo Salvini do governo, em 2019.
Ao romper com Conte, Renzi passou a ser acusado de “traidor” por membros do M5S, e alguns deles inclusive cogitam deixar o partido no caso de uma reaproximação. (Ansa)