Premiê da Itália e presidente da Ucrânia debatem sexto pacote de sanções à Rússia

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, conversou no último sábado (21) com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para debater os últimos desdobramentos da guerra russa. Segundo nota divulgada pelo Palazzo Chigi, Draghi garantiu o apoio constante da Itália à Ucrânia e falou sobre a necessidade da aprovação do sexto pacote de sanções contra a Rússia, responsável por iniciar o conflito no território ucraniano desde 24 de fevereiro.
O premiê italiano também discutiu a urgência de desbloquear os portos e ao apoio à entrada da Ucrânia na União Europeia (UE).
O líder ucraniano, por sua vez, “agradeceu” Draghi pelo “apoio incondicional à jornada da Ucrânia em direção à União Europeia”.
“Tive uma conversa telefônica com Mario Draghi por iniciativa dele. Discutimos a cooperação em defesa e a necessidade de acelerar o sexto pacote de sanções e desbloquear os portos ucranianos”, escreveu Zelensky no Twitter.
O presidente ucraniano tem acusado a Rússia de bloquear a exportação de cerca de 22 milhões de toneladas de produtos alimentícios e alertou que, se seus portos não forem desbloqueados, muitos países enfrentarão uma crise alimentar.
Nesta semana, em meio às preocupações com a crise alimentar no mundo por causa da guerra, a Rússia chegou a afirmar que condicionará a abertura dos portos no Mar Negro à suspensão das sanções aplicadas pelo Ocidente.
Independência de gás russo
O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, disse na última quinta-feira (19) que o país deve se tornar independente do gás natural da Rússia no “segundo semestre de 2024”. A declaração foi dada em um pronunciamento no Senado, durante o qual o premiê atualizou os parlamentares sobre os efeitos da guerra na Ucrânia.
“As estimativas do governo indicam que poderemos nos tornar independentes do gás russo no segundo semestre de 2024. Os primeiros efeitos desse processo já serão vistos no fim deste ano”, afirmou Draghi.
Ao longo das últimas semanas, o governo italiano já assinou acordos para ampliar as importações de gás natural da Argélia – que vai se tornar o principal fornecedor do país europeu -, de Angola e da República do Congo, todos na África.
Até 2021, a Rússia respondia por cerca de 40% das importações italianas de gás natural, com 29 bilhões de metros cúbicos por ano. “Nós nos movimentamos rapidamente para diversificar nossos fornecedores e incrementar o fornecimento de gás natural, do qual precisamos como combustível de transição”, reforçou Draghi.
No entanto, o premiê também prometeu “eliminar os entraves burocráticos” para aumentar a capacidade de geração de energia de fontes renováveis na Itália.
Plano italiano para restaurar a paz na Ucrânia
A Itália propôs um plano para restaurar a paz na Ucrânia em um documento elaborado pelo Ministério das Relações Exteriores e entregue à Organização das Nações Unidas (ONU), anunciou na sexta-feira (20) passada o chanceler italiano, Luigi di Maio.
“O plano de paz italiano é uma proposta que já discuti com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, há dois dias em Nova York e que prevê a criação de um grupo de facilitação internacional composto por organizações como as Nações Unidas, a União Europeia e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa”, explicou Di Maio em entrevista coletiva.
“O objetivo é trabalhar passo a passo (…) começando, por exemplo, com tréguas localizadas, a evacuação de civis, a abertura de corredores humanitários seguros, e depois aumentando até chegar a um cessar-fogo geral”, completou.
A iniciativa italiana surge em um momento em que o conflito na Ucrânia ameaça desencadear uma grave crise energética e alimentar em todo o mundo, pois afeta a atividade agrícola e as exportações de cereais da Ucrânia, país que era o quarto maior exportador de milho e estava prestes a ser o terceiro maior exportador de trigo.
Os detalhes do plano não foram divulgados à imprensa, mas foram antecipados pelo jornal italiano La Repubblica, que teve acesso ao documento detalhado elaborado por diplomatas.
O plano centra-se essencialmente em quatro pontos: cessar-fogo, a neutralidade da Ucrânia, apoiada por uma “garantia” política internacional a ser discutida no âmbito de uma conferência de paz, questões territoriais (Crimeia e Donbass) e um novo tratado multilateral de segurança e paz.
A Itália, terceira maior economia da zona do euro, é particularmente afetada pelo conflito na Ucrânia, especialmente devido a sua dependência do gás russo. Pobre em recursos energéticos e desprovida de usinas nucleares, a península importa 95% do gás que consome, 40% do qual vem da Rússia. (com dados de agências internacionais)