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Políticos italianos relembram aniversário de 79 anos da batida contra judeus em Roma

17 de outubro de 2022 - Por Comunità Italiana
Políticos italianos relembram aniversário de 79 anos da batida contra judeus em Roma

Políticos da Itália lembraram no domingo (16) o aniversário de 79 anos da batida contra judeus promovida pelas forças nazifascistas no Gueto de Roma, uma das páginas mais tristes da história nacional, em 16 de outubro de 1943. Ao todo, 1.259 pessoas, incluindo 689 mulheres, 363 homens e 207 crianças, foram obrigadas a abandonar suas casas para ser deportadas para campos de concentração e extermínio. Apenas 16 sobreviveram à guerra, sendo 15 homens e uma mulher, Settimia Spizzichino, morta em 2000.

“Um horror que deve servir de alerta para que certas tragédias não se repitam mais”, afirmou a futura premiê da Itália, Giorgia Meloni, que no passado expressou posições simpáticas a Benito Mussolini, o ditador fascista responsável pelas deportações de judeus no país.

Meloni definiu o episódio de 79 anos atrás como “vil e desumano” e disse que essa memória “serve para construir os anticorpos contra a indiferença ao ódio”. “Uma memória para continuar a combater o antissemitismo em todas as suas formas”, acrescentou.

A futura premiê também telefonou para a presidente da Comunidade Judaica de Roma, Ruth Dureghello, para expressar solidariedade.

A líder de extrema direita vem sendo duramente criticada por adversários por ter bancado a indicação dos extremistas Ignazio La Russa e Lorenzo Fontana como presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, respectivamente.

O primeiro é nostálgico do fascismo e detém uma coleção de bustos de Mussolini, enquanto o segundo se notabilizou por suas posições discriminatórias contra homossexuais e imigrantes.

“A batida no gueto de Roma representa uma das páginas mais escuras de nossa história. É dever de todos, começando pelas instituições, transmitir a memória para que tragédias similares não se repitam mais no futuro”, disse La Russa no domingo.

“É dever das instituições manter sempre viva a lembrança para combater qualquer forma de racismo e antissemitismo”, reforçou Fontana.

Dureghello, por sua vez, afirmou que, mesmo passados “tantos anos”, hoje é “ainda mais significativo recordar não apenas a lembrança, mas também a brutalidade e a tragédia daquele ataque realizado pelas tropas nazistas, acompanhadas dos fascistas, que queriam privar aquelas pessoas de dignidade e da vida”.

Senadora italiana sobrevivente do nazismo relembra Holocausto

A senadora Liliana Segre, sobrevivente do campo de extermínio nazista de Auschwitz, presidiu na última quinta-feira (13) a primeira sessão parlamentar da 29ª legislatura da Itália e, em seu discurso inicial, fez uma forte defesa da Constituição e lembrou dos horrores do Holocausto.

Segre liderou temporariamente as sessões de eleição de presidente da Casa por ser a mais velha representante no Senado. A função inicialmente seria do senador Giorgio Napolitano, mas ele não pode realizar a sessão solene por problemas de saúde.

“Hoje estou particularmente emocionada perante esse papel que realizarei durante esse dia e que a sorte me reservou. Nesse mês de outubro, no qual ocorre o centenário da Marcha sobre Roma, que deu início à ditadura fascista, cabe a uma pessoa como eu assumir momentaneamente a presidência desse templo da democracia que é Senado da República”, disse ao abrir o discurso.

“E o valor simbólico dessa circunstância casual se amplifica na minha mente porque, vejam, nos meus tempos, as aulas começavam em outubro. E é impossível não ter uma espécie de vertigem lembrando que essa mesma menina, que em um dia de 1938, desconsolada e perdida, foi obrigada por leis racistas a deixar vazio seu banco na escola, agora ocupa por um estranho destino uma posição no banco mais prestigioso do Senado”, acrescentou.

Nesse momento, todos os senadores presentes na sessão a aplaudiram de pé pela fala.

Segre destacou a importância da Constituição italiana e disse que, apesar de toda Carta Magna poder receber emendas para melhorar, o documento “deixa o país mais justo e ainda mais feliz”.

 “O meu pensamento vai ao Artigo 3, no qual os pais e as mães constituintes não se contentaram só em banir as discriminações baseadas no ‘sexo, raça, língua, religião, opinião política, condições pessoais e sociais’, base do antigo regime. Eles quiseram deixar uma missão perpétua para a ‘República’: ‘remover os obstáculos de ordem econômico-social e que definem de fato a liberdade e a igualdade dos cidadãos. Isso não é poesia, nem utopia. É a estrela polar que deve guiar a todos, mesmo se temos programas diferentes”, acrescentou.

A senadora também pediu para que seus colegas atuem e “assumam uma responsabilidade comum” que é a “luta contra a difusão da linguagem do ódio, contra a barbárie no debate político, contra a violência dos preconceitos e das discriminações”.

A própria Segre é um alvo constante de ataques desses discursos nas redes sociais e faz parte de uma comissão do Senado que analisa e atua contra esse tipo de ação. (com dados de agências internacionais)

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.

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