Políticos italianos criticam decisão sobre aborto nos EUA

A ministra da Família da Itália, Elena Bonetti, afirmou na última sexta-feira (24) que a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de abolir a proteção constitucional ao direito ao aborto “fere a dignidade das mulheres”. Já o senador italiano de extrema direita Matteo Salvini comentou que a última palavra “é sempre da mulher”.
“A abolição de Roe versus Wade terá o efeito de impulsionar o aborto clandestino e causará viagens desesperadas e perigosas para as mulheres”, disse Bonetti, do partido de centro Itália Viva (IV), em entrevista à agência italiana de notícias ‘Ansa’.
“É uma decisão que causa choque, que fere a dignidade e os direitos das mulheres”, acrescentou a ministra.
Já Salvini, admirador confesso do ex-presidente Donald Trump, o evitou criticar a sentença, afirmando acreditar “no valor da vida, do início ao fim”. “Mas, a propósito da gravidez, a última palavra é sempre da mulher”, acrescentou o ex-ministro do Interior da Itália.
Ao longo dos últimos anos, o senador nunca questionou o direito ao aborto – uma pauta cara à extrema direita no mundo todo -, porém com a ressalva de que era preciso “combater abusos” e evitar que essa prática se tornasse um “sistema contraceptivo”.
Agora com maioria conservadora, a Suprema Corte dos EUA reverteu uma decisão de quase 50 anos que garantia o direito universal ao aborto em nível federal, enquanto não houvesse viabilidade fetal, ou seja, enquanto o feto não fosse capaz de sobreviver fora do útero (por volta da 24ª semana de gestação).
A nova sentença, aprovada com placar de 6 a 3, não proíbe o aborto, mas deixa caminho livre para os estados impedirem a prática. Após a decisão da Suprema Corte, diversos estados já anunciaram a proibição em seus territórios, como Texas, Missouri e Dakota do Sul, todos governados por republicanos. (com dados da Ansa)