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Pesquisador e estudante da Universidade de Bolonha é libertado no Egito

08 de dezembro de 2021 - Por Comunità Italiana
Pesquisador e estudante da Universidade de Bolonha é libertado no Egito

Preso no Egito há quase dois anos, o ativista e pesquisador egípcio Patrick Zaki, estudante da Universidade de Bolonha, foi libertado nesta quarta-feira (8). O acadêmico de 30 anos deixou a cadeia um dia depois da audiência em Mansura que determinou sua soltura. Zaki, no entanto, continua respondendo a processo por “difusão de notícias falsas”.

Após sair da delegacia, o estudante abraçou sua mãe, que o aguardava do lado de fora. “Esperávamos ver esse abraço há 22 meses”, disse à agência italiana de notícias “Ansa” o porta-voz da ONG Anistia Internacional na Itália, Riccardo Noury.

“Agora que vimos esse abraço, esperamos que essa liberdade seja permanente, e não provisória”, acrescentou.

Zaki havia sido preso em 8 de fevereiro de 2020, após voltar ao Egito para um período de férias, sob a acusação de “propaganda subversiva” por meio de postagens no Facebook.

No entanto, ele acabou denunciado mais tarde por “difusão de notícias falsas” devido a três artigos, sendo que um deles, de 2019, falava sobre cristãos coptas perseguidos pelo Estado Islâmico (EI) e discriminados por parcelas da sociedade muçulmana no Egito.

Além de estudante da Universidade de Bolonha, uma das mais prestigiosas da Itália, ele é pesquisador da Egyptian Initiative for Personal Rights (EIPR), organização egípcia de defesa dos direitos humanos.

O processo contra Zaki é acompanhado de perto por diplomatas italianos, e o Parlamento do país europeu já aprovou uma moção para o governo conferir cidadania ao estudante, medida até agora ignorada pelo gabinete do premiê Mario Draghi.

A próxima audiência do julgamento do egípcio foi marcada para 1º de fevereiro. 

Zaki agradece a Itália

Após ser libertado, o estudante agradeceu a Itália e todos que o apoiaram durante o período em que esteve preso. “Quero agradecer muito aos italianos, a Bolonha, à Universidade, aos meus colegas, a todos os que me apoiaram”, disse Zaki ao chegar na casa de sua família, em Mansura.

O egípcio afirmou também que quer voltar para a Itália o mais rápido possível. “Estou à espera, verei o que acontece nos próximos dias. Quero estar na Itália o mais breve possível, assim que puder irei direto para Bolonha, minha cidade, meu povo, minha universidade”, disse.      

Uma das primeiras coisas que Zaki fez assim que chegou na residência foi usar uma camiseta da Universidade de Bolonha, que recebeu da instituição. A rede de ativistas que lutou pela libertação do estudante por 22 meses divulgou uma foto na qual ele veste orgulhosamente a peça.   

O egípcio disse ainda estar ansioso para ver seu time do coração, o Bologna. Ele, inclusive, recebeu um convite do clube para torcer pela equipe. 

O caso Zaki também ganhou notoriedade na Itália por remeter à morte de Giulio Regeni, pesquisador italiano sequestrado, torturado e assassinado no Cairo em janeiro de 2016.

Regeni frequentava sindicatos clandestinos e contrários ao regime do presidente autocrata Abdel Fattah al-Sisi, o que levantou a hipótese de crime político.

Em janeiro passado, o Ministério Público de Roma denunciou quatro agentes dos serviços secretos do Egito pela morte do pesquisador, mas o julgamento foi suspenso logo em seu início porque os réus não foram notificados, uma vez que a Justiça do país africano não quis fornecer seus endereços. (com dados da Ansa)

Comunità Italiana

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