Partido Itália Viva ‘trava’ negociações e presidente da Câmara fará nova rodada de consultas

As negociações realizadas na tentativa de definir um programa que permita o restabelecimento da coalizão do governo da Itália foram travadas na segunda-feira (1º) por diversas questões políticas e tensões principalmente entre o partido Itália Viva (IV) e o Movimento 5 Estrelas (M5S). As tratativas foram mediadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Roberto Fico (M5S), que recebeu um mandato exploratório do líder italiano Sergio Mattarella e precisa levar uma resposta à Presidência da República nesta terça (2).
Durante a tarde de segunda-feira, o IV, cujo líder é o ex-premiê Matteo Renzi, pressionou a base aliada para fazer diversas mudanças no gabinete, incluindo a remoção do ministro da Economia, Roberto Gualtieri, para sinalizar uma ruptura com a administração anterior.
No entanto, segundo fontes políticas, Mattarella teria defendido uma “continuidade” dos líderes dos principais ministérios, como as pastas de Economia, Saúde e Defesa. Por isso, os partidos na base não apoiam a alteração.
Outro entrave é a manutenção do primeiro-ministro demissionário, Giuseppe Conte, no cargo. Apesar de dizer que não há vetos contra ele, Renzi até agora não expressou seu apoio para um eventual terceiro mandato e tem pressionado por um novo Executivo até “o final da semana”. Membros do Partido Democrático (PD) e do M5S, porém, defendem Conte.
Além disso, o IV está insistindo para que o país pegue um empréstimo do fundo de resgate da zona do euro para ajudar o serviço de saúde afetado pelo coronavírus, tema que sofre forte oposição do M5S. Outras questões políticas, como renda de cidadania, salário mínimo, auxílio para trabalhadores autônomos também estão no centro das discussões.
O PD, por sua vez, se opõe ao uso dos recursos do fundo de resgate, mas destacou a necessidade de mais verba para a Saúde. Renzi ainda defendeu mudanças nas políticas ativas e na estratégia sobre o setor trabalhista, além de atacar a comissão do governo para a pandemia e comentar sobre o retorno das aulas.
“Se não fosse o Itália Viva, ninguém teria travado essa discussão. Agora muitos perceberam que a nossa foi uma batalha justa de méritos, mas continuam contestando o método. Acabam me atacando (que novidade!)”, afirmou o ex-premiê mais cedo.
Com alguns impasses, o presidente da Câmara voltará a se reuniu com as lideranças políticas do IV, M5S, PD, da coalizão progressista Livres e Iguais (LeU), do Movimento Associativo dos Italianos no Exterior (Maie), legendas de minorias linguísticas e alguns parlamentares independentes na manhã desta terça-feira (2). Logo depois, ele falará com Mattarella com um relatório sobre os temas debatidos durante os quatro dias de consultas. Até agora, no entanto, o IV não dá sinais de recuar em suas reivindicações. (com dados da Ansa)