O que está em jogo na viagem de Giorgia Meloni aos EUA

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, enfrenta nesta quinta-feira, dia 17, um dos maiores desafios de seu mandato. Ela embarca para os EUA para dialogar sobre as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, que vem derrubando mercados, prejudicando empresas e causando incertezas ao redor do mundo.
A própria premiê não esconde as dificuldades do encontro, ainda que considere Trump um “amigo”. Ela foi a única líder da União Europeia a participar de sua posse, em janeiro.
Segundo a agência de notícias ANSA, seu principal objetivo com a viagem é convencê-lo a dialogar com a UE para deixar de lado as barreiras comerciais e avaliar um acordo transatlântico de livre comércio, após semanas de tensão e turbulência nas bolsas de valores.

O governo italiano tem trabalhado nas estratégias por semanas, com reuniões e encontros com diferentes setores da sociedade. Diante de uma plateia de empresários preocupados há semanas com as tarifas anunciadas e depois suspensas por Trump, Meloni admitiu que “é um momento difícil”.
“Vamos ver como será nas próximas horas. Não sinto nenhuma pressão, como vocês podem imaginar, pelos meus próximos dois dias”, disse Meloni, brincando. O vice-premiê e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, chamou a viagem de “missão comercial de paz”.
O que precisará ser protegido são as exportações italianas e europeias, que correm o risco de pagar caro pelos tarifaços americanos, mas também, segundo Meloni, a unidade do Ocidente, pois uma guerra comercial não iria beneficiar ninguém.
“Com as exportações também produzimos riqueza para os outros e é bom para todos continuar a negociar com a Itália, porque a Itália é capaz de produzir bem-estar, excelência e riqueza”, declarou.
Após uma série de conversas constantes nos últimos dias com Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, Meloni buscou construir uma estratégia para tentar convencer Trump a seguir o caminho do diálogo.
União Europeia
Em entrevista ao jornal alemão Die Zeit, Ursula von der Leyen afirmou que o Ocidente como conhecemos “não existe mais” e que a relação com os EUA está complicada. Ela afirmou que a UE está determinada a negociar “com pragmatismo”, sem excluir nada da mesa. E, caso os Estados Unidos fechem seu mercado, a Europa busca alternativas, inclusive olhando para a China.
“Todos estão pedindo mais comércio com a Europa. E não se trata apenas de laços econômicos. Trata-se também de estabelecer regras comuns e de previsibilidade. A Europa é conhecida por sua previsibilidade e confiabilidade, o que, mais uma vez, está começando a ser visto como algo muito valioso”, disse.
(Com informações da ANSA, Corriere della Sera e Die Zeit)