O primeiro dia da Cúpula de Líderes do G20 no Rio de Janeiro, começou com a recepção dos chefes de Estado realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o lançamento, na abertura do evento, da Aliança Global Contra Fome e a Pobreza, que já atingiu 82 assinaturas, incluindo a da Argentina, de última hora. A aliança propõe erradicar a fome e a pobreza até 2030, além de reduzir as desigualdades.
Antes mesmo do lançamento oficial da iniciativa, todos os integrantes do G20, menos a Argentina, tinham aderido. A junção do país vizinho veio de última hora após o discurso do presidente Lula. Entretanto, Milei disse que não é obrigação do Estado acabar com a fome.
Após longas discussões, ao final do primeiro dia, a declaração final do encontro foi aprovada na noite desta segunda, 18/11. O documento oficial foi concluído após contrariedades sobre como abordar as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio e com a ameaça do presidente da Argentina, Javier Milei, de não se juntar ao comunicado comum. O presidente argentino anunciou que fez objeções ao texto de consenso, mas elas foram registradas apenas verbalmente, após a adoção do comunicado por todos.
Houve divergências, já sabidas, entre as nações sobre como abordar as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. A saída para chegar a um texto de consenso foi não fazer condenações nem à Rússia nem a Israel. Os países voltaram atrás, no entanto, na proposta de não mencionar a palavra “guerra” e também citaram as “iniciativas relevantes e construtivas que apoiem uma paz abrangente, justa e duradoura, sustentando todos os Propósitos e Princípios da Carta da ONU”.
Em relação à guerra no Oriente Médio, os países do G20 incluíram manifestações mais claras de preocupação com a situação. “Expressando a nossa profunda preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e a escalada no Líbano, enfatizamos a necessidade urgente de expandir o fluxo de ajuda humanitária e reforçar a proteção dos civis e exigir a eliminação de todas as barreiras à prestação de assistência humanitária em grande escala”, diz o texto.
Para alguns diplomatas que acompanharam a tratativa, o presidente argentino ficou isolado na oposição durante a plenária e percebeu o custo alto perante todos os demais países de barrar a declaração. Principalmente em relação aos temas “taxação dos super-ricos” e igualdade de gênero. Então foi construída a saída para que ele pudesse declarar num discurso os motivos por que resistia – e divulgar um comunicado próprio pela Casa Rosada, segundo o jornal Estado de S. Paulo.
O texto final é o resultado de uma busca por equilíbrio entre os interesses de países desenvolvidos e do Sul Global, G7 e Brics. Ao todo, a declaração tem 22 páginas divididas em 85 parágrafos e aborda os temas de situação política e econômica internacional, inclusão social e luta contra a fome e a pobreza, desenvolvimento sustentável, transição energética e ação climática e reforma da governança global.
(Dados do Estadão e Ansa)