Com inúmeros prêmios, Olivetto foi o responsável por ‘Casal Unibanco’, ‘Cachorrinho da Cofap’ e ‘Meu Primeiro Sutiã’, da Valisère
O publicitário morreu neste domingo, 13/10, aos 73 anos. Ele ficou quase cinco meses internado no hospital Copa Star, no Rio, por complicações pulmonares. Morreu de falência múltipla de órgãos. De acordo com a assessoria, que não divulgou informações sobre o velório e o sepultamento, as cerimônias serão em São Paulo e restritas a familiares e amigos.
Washington Olivetto é um ícone da publicidade em todo o mundo, conquistou mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes, apenas na categoria filmes. No universo da publicidade, Olivetto foi um dos maiores da história. E ele sabia disso e mesmo assim não foi uma pessoa soberba. “Me acho um sujeito humilde, mas não o modestinho”, afirmava. Foi conhecido, também por ser um bon vivant, aproveitava das coisas mais simples às mais sofisticadas, sem mudar a importância. “Sempre tive o mesmo interesse por aquilo que é considerado intelectualizado e por aquilo que é considerado vulgar, sempre fui do útil ao fútil”, relata, em sua biografia.
Não aguentava gente da área que só falava em trabalho e frequentava os mesmos lugares sofisticados, sem se misturar. E, muito diferente do que encontramos no mercado hoje em dia, Olivetto tinha uma aversão pelo anglicismo exagerado. Dizia que era coisa de brasileiro que se acha inteligente porque salpica palavras em outra língua numa conversa, e isso o tirava do sério.
Sua carreira começou em 1969, aos 18 anos, como redator em uma agência de publicidade, na qual foi procurar vaga como estagiário ao ter o pneu de seu carro furado em frente à empresa. História esta que foi contada muitas vezes e estrelou alguns livros. Três meses depois já havia produzido seu primeiro comercial, com o qual conquistou o Leão de Bronze no Festival de Publicidade de Cannes.
Cinco anos depois, trabalhando na DPZ, ganhou o primeiro prêmio Leão de Ouro da publicidade nacional, no mesmo festival. Foi lá que conheceu seu mentor, Francesc Petit (o P; o D é de Roberto Duailibi e o Z de Jose Zaragoza).
Dentre sues trabalhos, podemos citar “Meu Primeiro Sutiã”, para a Valisère; “Cachorrinho da Cofap”, “Casal Unibanco” e “Garoto Bombril”. O último rendeu 400 peças e entrou no Livro dos Recordes com Carlos Moreno, o garoto-propaganda a ficar mais tempo no ar vendendo um mesmo produto. Não há uma pessoa nascida antes de 2000 que não lembre do gentil, tímido e um pouco desengonçado Garoto Bombril..
Olivetto acabou rendendo uma farta produção literária em que o assunto era, na maioria das vezes, ele mesmo. Com textos curtos, referências, bastidores de grandes campanhas e narrações de experiências de vida e viagens, Olivetto teve material para quatro biografias: “O que a Vida me Ensinou”; “Direto de Washington”, sua continuação “Direto de Washington: Edição Extraordinária” e “Os Piores Textos de Washington Olivetto”.
Ao longo da vida, recebeu várias propostas para fazer campanhas políticas. Recusou todas.
Além de amar seu trabalho e de contar suas histórias, Olivetto era um apaixonado pelo Corinthians. Ele foi vice-presidente de marketing e um dos fundadores do movimento Democracia Corinthiana, nos anos 1980, escreveu “Corinthians x Outros” e “Corinthians – É Preto no Branco”, em parceria com Nirlando Beirão. Além disso, em 2013, a escola de samba Gaviões da Fiel o homenageou em seu desfile de Carnaval, cujo tema foi a história da publicidade brasileira.
(Dados do O globo e Folha de S. Paulo)