Nesta terça-feira (19), a ministra do Interior da Itália, Luciana Lamorgese, respondeu questionamentos dos deputados e senadores no Parlamento italiano sobre os protestos realizados no último dia 9 de outubro em Roma. Em meio a uma tumultuada sessão, a bancada do partido de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI) começou a gritar e a pedir a demissão da ministra.
Durante toda a sua participação na sessão informativa, Lamorgese defendeu que as forças de ordem atuaram de acordo com a situação, que já está sendo analisado o que precisa ser melhorado e que não há “estratégia” para deixar o clima tenso no país.
“Imediatamente após os fatos, pedi para o chefe da polícia uma detalhada reconstrução das evidentes criticidades que, precisamos reconhecer, afetaram a gestão da ordem pública naquelas horas. E é compreensível que eles não tenham conseguido conter todos os propósitos criminais do qual parte violenta dos manifestantes estava fazendo, o que também foi instigado por movimentos mais politizados”, disse aos senadores.
A fala referia-se à invasão da sede da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL) durante uma manifestação contra a imposição do certificado sanitário contra a Covid-19 e a vacinação contra a doença. Membros do grupo neofascista Força Nova lideraram a invasão, que lembrou dos tempos em que as instituições do tipo eram perseguidas e intimidadas pelos fascistas que governavam a Itália.
Segundo Lamorgese, a atitude violenta de parte dos manifestantes “superou qualquer previsão razoável” e que isso “não vai mais se repetir”. A ministra ainda afirmou que é completamente “injusta e infundada” a dúvida se as forças de segurança agiram com tudo que era possível.
Apesar de fazer parte do governo, o líder da Liga, Matteo Salvini, criticou Lamorgese e disse que “se a Inteligência não tinha conseguido perceber que aquelas pessoas estavam ali, isso é ainda mais grave”. “Assuma as suas responsabilidades”, ainda afirmou o ultranacionalista.
De acordo com o relatório do Ministério do Interior, entre fevereiro de 2020 e 18 de outubro deste ano, foram 5.569 manifestações contra as medidas sanitárias do governo em todo o país, e mais da metade delas ocorreram em 2021. Entre 22 de julho e 18 de outubro, foram 1.526 atos de protesto, especialmente, contra o certificado sanitário. Apenas 3,4% delas tiveram episódios de violência, ou seja, 52 manifestações. (com dados da Ansa)