A iniciativa é parte de uma campanha contra o uso de drogas na cidade e envolve 35 mil famílias que têm filhos com idade entre 13 e 16 anos.
Elas receberam uma carta da Prefeitura explicando a campanha e um cupom, com o qual podem retirar o kit, gratuitamente, numa das 400 farmácias da cidade.
O teste funciona seguindo o mesmo princípio dos exames de gravidez. Através da análise de uma amostra de urina, é possível saber, em 10 minutos, se a pessoa usou drogas e de que tipo.
“Fazendo este exame dá para detectar a presença de maconha, haxixe, cocaína, heroína, crack, anfetaminas e ecstasy”, informou, à BBC Brasil, a assessora de imprensa da Prefeitura de Milão, Elisa Pasino.
“Se o resultado for positivo, aconselhamos fazer uma análise em laboratório”, explicou.
Campanha
A distribuição do teste faz parte de uma campanha de informação mais ampla que tem o objetivo de combater o uso de drogas entre os jovens.
“O teste é um dos instrumentos que estamos usando, além de informação nas escolas e assistência às famílias”, informou a Prefeitura.
Na carta que as famílias receberam, há também informações sobre os sintomas causados pelas diversas drogas e números de telefone úteis para emergência.
Segundo estatísticas divulgadas pela Prefeitura, 4% dos habitantes de Milão que têm entre 15 e 34 anos de idade, usam cocaína habitualmente.
“Os dados sobre o uso de drogas na adolescência são alarmantes. Em Milão o uso de maconha e cocaína começa aos 13 anos de idade e, segundo projeções, em 2009 o uso de cocaína vai aumentar em 50%”, afirmou Gianpaolo Landi di Chiavenna, secretário da Saúde, em um comunicado da prefeitura.
O teste antidrogas já tinha sido usado no ano passado, de maio a setembro. Foi uma experiência, apenas num bairro, antes da ampliação do projeto.
“Resolvemos continuar, envolvendo toda a cidade, porque jovens e seus pais precisam conhecer os perigos causados pelo uso de drogas. O uso desses testes pode ser uma ajuda ao diálogo”, explicou Chiavenna, ligado ao partido de direita, Aliança Nacional.
"Diálogo"
Mas a eficácia da campanha de distribuição do kit antidrogas está sendo questionada dentro da própria Prefeitura.
“Se você chegar ao ponto de pedir para o seu filho fazer o teste quer dizer que não há dialogo”, comentou a secretária municipal para a Política Social, Mariolina Maioli, ao jornal Corriere della Sera.
Na opinião do padre Gino Rigoldi, que se ocupa de jovens na região de Milão, a dependência de drogas se combate com prevenção.
“Com informação e diálogo, que são o contrário de um teste feito provavelmente escondido. Se um pai está acostumado a se relacionar com o filho, é suficiente olhar nos olhos dele para saber se usa drogas”, disse Rigoldi, também ao Corriere della Sera.
A oposição de centro-esquerda se disse surpresa com a decisão de distribuir o kit antidrogas, já que a experiência de 2007 teve pouco sucesso.
De acordo com as informações da Prefeitura, no ano passado foram envolvidas 4 mil famílias mas apenas 249 kits foram retirados nas farmácias.
Fonte: BBC Brasil