Draghi passa oficialmente o poder para a nova premiê da Itália Giorgia Meloni

O ex-primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, passou o poder neste domingo (23) para Giorgia Meloni, líder do partido pós-fascista Irmãos da Itália (FdI), em uma cerimônia de grande valor simbólico em Roma que a tornou a primeira mulher a assumir o cargo de chefe de governo na Itália. A cerimônia de transferência de poder aconteceu no Palácio Chigi, sede do governo, perto do Parlamento. Ao chegar ao tapete vermelho posicionado para a ocasião, Meloni passou em revista a guarda de honra.
Visivelmente emocionada, a líder do partido Irmãos da Itália (FdI) classificou o momento como “uma coisa de grande impacto emocional”, principalmente por ter sido recebido pela guarda de honra das Forças Armadas no pátio da sede do governo.
Meloni prestou homenagem à bandeira italiana e seguiu para o primeiro andar do palácio, onde participou de uma reunião privada com Draghi, muito apreciado no cenário internacional, por cerca de uma hora. Os dois se cumprimentaram e posaram para fotos oficiais, mas, até o momento, nenhum detalhe da conversa foi divulgado. Em seguida, Draghi fez a entrega simbólica do sino de prata usado para conduzir os debates no Conselho de Ministros.
Meloni, 45 anos, vai comandar o governo mais à direita da Itália desde a fundação da República, em 1946. No último sábado (22) ela prestou juramento diante do presidente da República, Sergio Mattarella. Ele será líder de um Executivo conservador graças a uma coalizão com a Liga, partido de ultradireita e anti-imigração de Matteo Salvini, e com o Força Itália, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
A política romana conquistou uma vitória histórica nas eleições legislativas de 25 de setembro, depois de superar as questões mais polêmicas de seu partido, FdI, uma estratégia que a levou ao poder um século depois da ascensão do ditador fascista Benito Mussolini, do qual é admiradora.
As eleições foram convocadas de maneira antecipada após a renúncia de Draghi, que assumiu o cargo de primeiro-ministro em fevereiro de 2021, mas perdeu o apoio de seus aliados.
A primeira reunião do Conselho de Ministros está prevista ainda para este domingo e será dedicada principalmente a questões administrativas.
Conhecida por suas opiniões ultraconservadoras, como a proibição ao aborto e a família formada por pai e mãe, entre outras pautas de costumes, a nova premier, no entanto, tem dito que seu governo — o 68º que o país tem em 76 anos desde o pós-guerra — se concentrará em questões urgentes para a população.
O novo Executivo — de 24 ministros, incluindo seis mulheres — terá que enfrentar muitos desafios que afetam a Itália, em particular na área econômica. A margem de manobra de Roma é limitada por uma dívida pública de 150% do Produto Interno Bruto (PIB), a segunda maior proporção na zona do euro, atrás apenas da Grécia.
No sábado, Meloni prometeu trabalhar em proximidade com os parceiros internacionais e sua mensagem foi bem recebida pela União Europeia (UE). A nova premiê também prometeu respeitar as regras orçamentárias da União Europeia e manter a política externa de Mario Draghi, incluindo o apoio incondicional à Ucrânia na guerra contra a Rússia. Ela, inclusive, declarou que vai governar com “orgulho e senso de responsabilidade”.
A presidente da Comissão Europeia (o Executivo da UE), Ursula von der Leyen, disse que espera uma “cooperação construtiva” com o seu governo. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, seguiram a mesma linha. (com dados de agências internacionais)