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Justiça da Itália confirma prisão de Cesare Battisti em regime de isolamento

10 de setembro de 2020 - Por Comunità Italiana
Justiça da Itália confirma prisão de Cesare Battisti em regime de isolamento

Battisti foi condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos na década de 1970. O italiano iniciou greve de fome para pedir mudança no regime prisional: ele pede transferência de presídio para ficar mais perto da família

A Justiça da Itália confirmou definitivamente na quarta-feira (9) o regime de isolamentopara Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua. Na véspera, o ex-militante de extrema esquerda iniciou uma greve de fome para pressionar os juízes contra essa decisão. 

Cesare Battisti, de 65 anos, foi condenado por quatro homicídios cometidos na década de 1970 e encontra-se isolado — sem contatos ou atividades — desde meados de janeiro de 2019, no presídio de segurança máxima de Oristano, na Sardenha. 

Por considerar que esse regime de segurança máxima não é justo, Cesare Battisti iniciou uma batalha judicial. O italiano argumenta que os crimes pelos quais foi condenado datam de décadas atrás e que, hoje, ele não oferece mais o mesmo risco. 

Porém, o Tribunal de Cassação italiano, a mais alta jurisdição criminal do país, rejeitou o pedido do ex-ativista, segundo agências de notícias. A decisão foi tomada um dia depois de Battisti anunciar em carta a seu advogado que havia iniciado uma greve de fome e que recusava receber tratamento médico. 

Prisão em isolamento

O sistema prisional italiano divide os presos em categorias e alguns só podem entrar em contato com presos da mesma categoria. 

Battisti é o único de sua categoria (classificação AS2 para terroristas) em sua prisão, explicou seu advogado, Davide Steccanella. 

“Ele só fala com os guardas e raramente com a família, porque a Sardenha é muito longe, é preciso pegar um avião”, acrescentou. 

Condenado, refugiado e preso

Battisti admite pela primeira vez envolvimento em quatro assassinatos — Foto: Reprodução/JN
Battisti admite pela primeira vez envolvimento em quatro assassinatos — Foto: Reprodução/JN 

A Justiça da Itália considerou Battisti culpado, em 1993, por quatro assassinatos no país entre 1977 e 1979. Na época, Battisti integrava a organização Proletários Armados Pelo Comunismo (PAC). Ele negava envolvimento nos homicídios e se dizia vítima de perseguição política. 

Depois de fugir da Itália, Battisti viveu no México e na França antes de, em 2004, chegar ao Brasil.

Durante seu período na França, entre 1990 a 2004, ele se beneficiou da proteção do presidente socialista da época, François Mitterrand, que se comprometeu a não extraditar nenhum militante de extrema esquerda que aceitasse renunciar à luta armada. 

Em 2004, porém, o governo do presidente Jacques Chirac decidiu pôr fim à “jurisprudência Mitterrand” e extraditar Battisti. Ele então fugiu para o Brasil com uma identidade falsa e, conforme seu relato, com a ajuda do serviço secreto francês. 

Battisti viveu por 14 anos como refugiado no Brasil. Passou a ser considerado foragido em dezembro de 2018, quando o então presidente Michel Temer assinou um decreto de extradição. 

O italiano, então, teve o nome incluído na lista da Interpol. A medida garantia que ele poderia ser preso em outros países, caso fosse encontrado.

Ele foi capturado em janeiro de 2019 na Bolívia, após cerca de 40 anos foragido da Itália. Na sequência, foi extraditado para seu país. 

Poucas semanas após ser capturado, reconheceu perante um juiz, pela primeira vez, sua responsabilidade pelos assassinatos.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.

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