Ítalo-brasileiro Marco Lucchesi é escolhido como novo presidente da Biblioteca Nacional

Fundador, membro do Conselho Editorial e colunista da Revista Comunità Italiana, o ítalo-brasileiro Marco Lucchesi é escolhido como novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) do novo Ministério da Cultura do governo federal. Lucchesi, que também é poeta, romancista, ensaísta e integrante da Academia Brasileira de Letras, sucede Luiz Carlos Ramiro Júnior, exonerado do cargo no último domingo (1º).
O nome de Lucchesi foi anunciado na tarde de segunda-feira (2) em Brasília, pela ministra da Cultura, Margareth Menezes. “Frequento aquela casa, que amo, desde a adolescência. Respeito seus funcionários. Trabalharemos em conjunto”, afirmou o novo presidente da FBN.
Além de Lucchesi, estão confirmados os nomes de Joelma Gonzaga, na Secretaria do Audiovisual; Maria Marighella, vereadora em Salvador, na presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte): João Jorge Rodrigues, do Olodum, na Fundação Cultural Palmares; o arquiteto Zulu Araújo (atualmente na Fundação Pedro Calmon) como titular da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural; Henilton Menezes, na Secretaria de Economia Criativa e Fomento Cultural; Marcos Souza, na Secretaria de Direitos Autorais e Intelectuais. Tanto Henilton Menezes quanto Marcos Souza já integraram as gestões de Gilberto Gil e Juca Ferreira no passado, nas mesmas funções.
O secretário executivo, o número dois da Cultura, é o historiador gaúcho Marcio Tavares, primeiro nome a ser anunciado. Na novíssima Secretaria dos Comitês de Cultura, estará Roberta Martins, que trabalhou na prefeitura de Niterói, RJ. E, na Secretaria de Formação, Livro e Leitura, Fabiano Piúba, que era secretário de Cultura do governo do Ceará e presidiu o Fórum Nacional dos Secretários de Estado da Cultura.
Faltaram ser anunciados os nomes dos presidentes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Instituto Brasileiro e Museus (Ibram) e Fundação Casa de Rui Barbosa. No Iphan, deverá ser confirmado o nome do arquiteto baiano Nivaldo Andrade (correm por fora a museóloga Célia Corsino e os professores e arquitetos Andrey Rosenthal Schlee, da UnB, e Leonardo Barci Castriota, da UFMG). No Ibram, estão no páreo Mário Chagas, Renata Motta e José Nascimento.
Acervo fotográfico da Biblioteca Nacional conecta Brasil e Itália
A Biblioteca Nacional possui uma imponente coleção fotográfica nomeada em homenagem a imperatriz napolitana, consorte de D. Pedro II., Teresa Cristina Maria. O acervo, intitulado Memória do Mundo Internacional pela Unesco em 2003, é o primeiro conjunto documental brasileiro a integrar o programa.
A coleção, parte da biblioteca particular de D. Pedro II, permaneceu no Brasil mesmo durante seu exílio. Doada pelo ex-imperador à Biblioteca Nacional, estima-se que 23 mil documentos fotográficos constituem acervo, revelando conexões com a Itália em uma coleção genuinamente brasileira.
Como parte das comemorações pelos 200 anos da Independência do Brasil, em 2022, o embaixador da Itália em Brasília, Francesco Azzarello, doou um exemplar da Divina Comédia para a Biblioteca Nacional, contribuindo, mais ainda, para o estreitamento dos laços entre as duas nações.
Recusa de Lucchesi a medalha da Ordem do Mérito do Livro
Em julho passado, o ex-presidente da ABL recusou a medalha da Ordem do Mérito do Livro, prêmio concedido pelo pela Biblioteca Nacional para personalidades que contribuem com a literatura. O motivo foi discordar da decisão de Ramiro de também premiar o deputado federal Daniel Silveira (PTB), do Rio de Janeiro. O deputado foi condenado por estímulo a atos antidemocráticos e ataques a ministros e instituições como o Superior Tribunal Federal (STF). Aliado de Jair Bolsonaro, recebeu perdão de pena, concedido pelo presidente.
Nas redes sociais, o escritor, primeiro agradeceu a homenagem, mas depois criticou a entrega da medalha para Silveira. Ele disse que não tem condições de recebê-la.
“Um breve esclarecimento, o meu respeito aos funcionários da Biblioteca Nacional é muito grande. É uma casa que me recebe desde os meus 14 anos de idade. Uma das dez maiores do mundo. Um acervo absolutamente colossal, um privilégio para o Brasil”.
“No entanto, esse prêmio, eu não posso receber. Eu estou impedido de receber, porque não posso codividi-lo com o presidente da República, que persegue políticas do livro, destruiu bibliotecas. Eu tenho um compromisso de levar os livros e as bibliotecas nas prisões, nas comunidades indígenas e quilombolas. Portanto, é impossível. Além disso, eu não posso receber uma medalha junto com alguém que tem um grande desprejo diante da querida e saudosa vereadora Marielle e que quebrou a placa da vereadora Marielle e que é legitimamente alguém que está rompendo com o que significa justiça em nosso país”, acrescentou.
“Portanto, eu não poderia jamais receber essa medalha porque ela vai na contramão da minha vida, da minha biografia, das coisas que eu acredito. E um presidente que diz que prefere um clube de estande onde de tiro a uma biblioteca já diz tudo. Não pode receber uma medalha pelo livro, assim como receber uma medalha, esse presidente em virtude do seu trabalho com os índios. Eu não participo dessa loucura e desse surrealismo. Mas tenho um grande amor pela Casa, pelo bibliotecário e por todos aqueles que trabalham apaixonadamente pela cultura”, concluiu.