Manifestações antifascistas e homenagens aos mortos pelo regime de Benito Mussolini foram realizadas na última sexta-feira (28) por toda a Itália. Os eventos lembram do centenário da “Marcha sobre Roma”, evento que levou formalmente o ditador e seu regime fascista ao poder em 1922. Os atos de insurreição terminaram só quatro dias após o início e foram finalizados quando o líder fascista assumiu formalmente o governo.
Daquele ano, Mussolini continuou no poder até 25 de julho de 1943.
A Associação Nacional dos Partisans Italianos (Anpi) fez uma grande manifestação em Perugia, com centenas de pessoas vindas de vários locais do país.
“Quem esquece é cúmplice e estamos aqui depois de 100 anos para pedir que todos fiquem atentos, não sejam indiferentes e para pedir ao Estado que seja vigilante e não subestime as novas formas de fascismo porque são muito perigosas”, destaca o manifesto do evento.
O ministro da Cultura, Gennaro Sangiuliano, foi a Nápoles participar de eventos que lembram Benedetto Croce (1866-1952), o filósofo italiano que é considerado um dos “guias morais” da luta antifascista.
“Por isso estou aqui também hoje porque Croce foi o promotor, o organizador dos intelectuais não fascistas, mas também um profundo anticomunista. Segundo minha opinião, e talvez nem todos estejam de acordo, Croce é também um testemunho do pensamento liberal conservador, e eu sou um conservador universalmente conhecido”, disse Sangiuliano.
Nenhum outro expoente do novo governo da líder da extrema-direita, Giorgia Meloni, se manifestou.
O secretário do Partido Democrático (PD), Enrico Letta, foi ao monumento em Roma que lembra o assassinato de Giacomo Matteotti, o líder socialista assassinado por milicianos fascistas em junho de 1924.
“Hoje, o compromisso de toda a política é lembrar o momento mais escuro e reforçar a democracia. É uma lembrança dramática.
Naquele dia, a democracia acabou nas mãos do fascismo. A lembrança das vítimas do fascismo e de Metteotti é o alerta que há 100 anos a democracia acabou e entramos em um período tenebroso”, afirmou aos presentes.
Quem também se manifestou foi o líder do populista Movimento 5 Estrelas (M5S), Giuseppe Conte.
“É preciso não perder de vista que há uma marcha que é ou sempre será mais forte do que aquela que fez o nosso país cair na ditadura, com o fim da liberdade, o horror das leis raciais e a guerra. Uma marcha pela qual aqueles que vieram antes de nós sacrificaram a sua vida. Uma marcha que nunca devemos interromper: a da afirmação completa e diária dos direitos, dos princípios e dos valores da nossa Constituição”, escreveu em suas redes sociais. (com dados da Ansa)