O jornal The Economist levanta a possibilidade de que o assassinato de Hassan Nasrallah tenha sido projetado para provocar o Irã, atraindo-o para uma armadilha estratégica
Depois de dias de trocas de foguetes e mísseis entre Israel e o Hezbollah, ontem, terça-feira, 01/10, o confronto tomou um rumo ainda mais ameaçador. Irã lançou ataques diretos de mísseis contra Israel, enquanto Israel desencadeou uma invasão terrestre do Líbano. A guerra regional completa, que muitos temiam desde os ataques de 7 de outubro de 2023, agora parece mais próxima do que nunca. Há a possibilidade de que Israel responda com ataques aéreos ao Irã. O jornal inglês The Economist levanta a possibilidade de um ataque às instalações usadas para o programa nuclear, uma missão de alto risco que Israel vem planejando há duas décadas.
Os ataques de mísseis do Irã começaram ontem durante a noite. Em Tel Aviv e Jerusalém, as pessoas se aglomeraram em abrigos.
Em abril, o Irã já havia orquestrado um ataque de mísseis, envolvendo mais de 300 projéteis, mas falhou, pois foram interceptados por sistemas de defesa aérea e aviões de guerra americanos e israelenses. O ataque iraniano tem um significado que vai muito além das possíveis baixas israelenses, escreveu o jornal inglês. Muitos dentro do establishment político e de segurança de Israel acreditam que há um momento para transformar o quadro estratégico na região, dada a fraqueza dos representantes do Irã. É até possível que o assassinato de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, junto com um general iraniano sênior, em Beirute no dia 27 de setembro, tenha sido projetado para provocar o Irã, atraindo-o para uma armadilha estratégica. De qualquer forma, o ataque iraniano, eles argumentam, dá a Israel a justificativa para lidar com a ameaça nuclear do Irã.
O ataque fracassado do Irã de abril revelou suas vulnerabilidades. Israel escolheu evitar uma retaliação em larga escala, mas três dias depois destruiu um radar de defesa aérea iraniano importante. Isso agora está sendo visto como evidência de que as defesas do Irã são vulneráveis à força aérea israelense. Enquanto isso, um argumento de longa data contra um ataque era que o Irã responderia pressionando o Hezbollah a atirar em Israel. Agora, com o Hezbollah cambaleando e Israel já em pé de guerra, isso parece ser um problema menor.
Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, anteriormente, tentou e falhou em convencer os generais israelenses do valor estratégico de um ataque ao Irã. Mas, hoje, ele pode persuadi-los de seus méritos. Israel também acredita que Biden dará seu apoio e talvez se juntará a uma campanha que pode degradar severamente o programa nuclear do Irã e prejudicar a posição dos teocratas e militares durões que lideram o regime impopular da República Islâmica.
Confira a análise completa aqui.
(Dados do The Economist e Estadão)