Por Mauricio Cannone
Dicas de culinária, música italiana, brasileira, internacional. Muita descontração e diversão. Assim foi o Esperienza Degust’Italia 2024.
Nesta quarta edição, o festival, realizado no lindo espaço da Reserva Cultural de Niterói, fez parte do calendário Semana da Cozinha Italiana no Mundo com participação do Consulado Geral da Itália no Rio de Janeiro e do Cônsul-Geral Massimiliano Iacchini. Na festa ele se descontraiu muito, como apreciador da gastronomia e da música de sua terra.
O Esperienza teve a decisiva parceria da Prefeitura de Niterói, a Fundação de Artes de Niterói e a Secretaria de Cultura do mesmo município. Mais motivos para celebrar o aniversário da Cidade Sorriso, que no dia 22 de novembro completou 451 anos.
Axel Grael, Prefeito de Niterói, foi ao festival para divertir-se com a família. E saiu satisfeito:
— A cultura italiana é muito rica — disse ele. — Gosto muito também da culinária e da música da Itália.
O primeiro cidadão do município que hospedou o evento citou para Comunità alguns gostos musicais originários da Itália:
— Gosto tanto da música popular como a clássica, de ópera, dos tenores. Andrea Bocelli é um dos meus preferidos.
Pietro Petraglia, Diretor-Presidente do Grupo Comunità e idealizador do festival, lembrou os fortes da Cidade Sorriso sobre a Itália, terra de seus ancestrais. Niterói conta com mais de 80 mil cidadãos de origem italiana e mais de cinco mil com cidadania do Belpaese.
— São 150 anos de imigração italiana no Brasil — ressalta Pietro. — Desde a primeira edição, o festival é elo entre a Itália e Niterói. São dezenas de apresentações artísticas, gastronomia italiana de qualidade e workshops. A cidade se supera na excelência de projetos culturais e esta é mais uma grande ocasião de acesso democrático a uma atração fabulosa.
Além disso, Petro aproveitou a ocasião para lembrar que Niterói investe bastante em tecnologia e digitalização. A ideia é modernizar e tornar a gestão pública mais eficiente e, também, para aproximar a administração municipal da população com prestações de serviços que atendam às necessidades de seus habitantes. O festival também coincidiu com a semana do G20, reunião de cúpula das maiores economias do mundo, no vizinho Rio de Janeiro.
Delícias
O público pôde deliciar-se com workshops de culinária e também com degustação dos produtos. Mariana Rebouças, chef da Trattoria Ragazza Di Pasta, ensinou técnicas como preparar o risotto perfeito. No palco, a chef preparou risotto de carne seca, com queijo coalho e pangratatto de castanha do Pará, prato campeão do Festival Brasil Sabor Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) 2023.
O sommelier Pedro Paulo Cunha, embaixador da Italiamais, deu dicas de harmonização com vinhos da Toscana. Cunha apresentou o vinho italiano, Chianti Bocelli, da família do tenor Andrea Bocelli. O chef Vicente Maia apresentou clássicos da culinária italiana, desvendando os segredos dos molhos carbonara, putanesca, alla sorrentina. Maia fez vários cursos de culinária na Itália.
— Na outra encarnação acho que vou nascer na Itália — disse ele, um oriundo que está em processo para obter seu passaporte italiano.
O público fez longas filas para degustar os pratos de massa do mesmo chef, na Reserva Cultural.
Público dança, canta, vibra
E em festival deste porte não poderiam faltar música. Grandes nomes como o Jorge Vercillo, Dalto, Mafalda Minno zzi, Luciano Bruno, Bloody Mary, Sinfonica Ambulante, Tony Canto … Iberê Cello Ensemble, com seu tributo ao gênio Ennio Moricone e executando entre outras maravilhosas músicas do cinema.
E houve outras atrações musicais para vários gostos. Camila Marotti, DJ Roale, o quar teto italiano de Fabrizio Filesi, Carmine Marasco com a Banda Viva Napoli, que tem em seu repertório Azzurro, il Mondo, Bella Ciao, esta última executada por diversos músicos no Esperienza. Grupos da tradicional Tarantella também não faltaram. Desta última dança destacaram-se o Sasso Dança, de Niterói, e o Tarantolato, da famosa Casa D’Italia de Juiz de Fora, que vieram especialmente da cidade mineira.
Mafalda Minnozzi, que tem profunda ligação com o Brasil, emocionou a plateia cantando C’era un Ragazzo che come me amava i Beatles e i Rolling Stones”. A canção tem como tema um rapaz americano morto na Guerra do Vietnã, que tinha sido obrigado a trocar sua guitarra por uma metralhadora quando é convocado para servir os Estados Unidos nesse conflito. Mafalda disse que não poderia reproduzir a parte da canção que imita uma metralhadora:
— Desculpe, mas não vou cantar a parte que diz a mesma nota rá tá tá tá (la stessa nota rà tà tà tà, em italiano). É por causa do momento que vivemos — explicou elas, lembrando as guerras entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e Palestinos.
C’era um Ragazzo che come me tem letra de Franco Migliacci e música di Mauro Lusini. Foi gravada pela primeira vez pela RCA Italiana em 1966, com arranjo de Ennio Morricone. A canção ficou imortalizada na voz de Gianni Morandi.
Outro momento de grande emoção foi a interação do cantor Luciano Bruno, italiano também de muitas ligações com o Brasil. Ele desceu do palco para cantar bem próximo a plateia, que amou a ideia ao artista.