O pesadelo de uma recessão iminente nos Estados Unidos, alimentado por dados sobre a taxa de emprego nos EUA, desestabilizou os mercados e os principais índices globais, que registaram as perdas esperadas (o MSCI acabou por perder 6,4% em apenas três dias).

Agora, depois da reunião da última sexta-feira em Jackson Hole, na qual Jerome Powell, presidente da Fed, anunciou um possível corte de taxas, os mercados começaram a semana se recuperando.

Na sexta-feira, o índice Ftse Mib concluiu com um crescimento de 1,02% e a ação Ftse All subiu 1,04%. Madrid teve alta de 1,1%. Paris e Frankfurt cresceram 0,7%, com Londres mais cautelosa (+0,4%) e Amsterdã em paridade. O Dólar caiu ainda mais em comparação ao Euro, sendo negociado a 0,893.

Donatella Principe, diretora de estratégia de mercado e distribuição, da Fidelity International afirma que “nas últimas semanas, no entanto, o mercado viu as suas crenças serem progressivamente questionadas, e isso aconteceu num contexto de crescentes tensões geopolíticas globais que testaram a resiliência dos temas dominantes”, específica. “Vários dados económicos importantes surpreenderam negativamente e foram interpretados como um teste decisivo de uma economia que entrava em recessão. O pesadelo do mercado é que a economia sofra uma aterragem brusca e que a Fed esteja atrasada.”

Após a exuberância do primeiro semestre de 2024, os economistas estão se debruçando ansiosamente sobre cada novo lançamento de dados, que normalmente são voláteis em torno de pontos de inflexão. No entanto, se dermos um passo para trás, a economia dos Estados Unidos parece estar preparada para uma desaceleração gradual, não para um colapso.

Entretanto, as reações não podem ser exageradas, a princípio. Os mercados financeiros ainda estão precificando uma chance em três de um corte de meio ponto porcentual na taxa de juros. A menos que surjam outras notícias ruins, uma mudança tão acentuada poderia ir longe demais.

O Fed enfrenta o perigo de dois lados: se cortar demais, poderá arriscar outro aumento da inflação; se cortar de menos, o crescimento poderá enfraquecer ainda mais. Até o momento, Powell fez um progresso admirável no combate à inflação. Sua recompensa é que agora ele enfrenta um novo inimigo, mesmo que o antigo ainda não tenha sido totalmente derrotado. 

(dados do Corriere della Sera, O Estado de S. Paulo e Ansa)