EUA não ajudará mais o Brasil em combate a incêndios florestais

Trump assinou um novo decreto que suspendeu a ajuda externa dos Estados Unidos para iniciativas internacionais, congelando assim uma parceria que treinava brigadistas brasileiros para combater incêndios florestais.
Os repasses a projetos de ajuda humanitária no exterior, com o congelamento inicial de 90 dias, vai servir para o seu governo avaliar se os projetos estão “alinhados” a interesses estadunidenses e tornam o país “mais seguro, mais forte e mais próspero”. Em janeiro, Trump já havia dito que tomou a decisão porque isso ajudava a “desestabilizar a paz mundial ao promover ideias contrárias a relações estáveis e harmoniosas” internas e entre os países.
Entre os projetos que serão cortados está o Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, que é executado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS, na sigla em inglês) desde 2021, com a participação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e outros órgãos nacionais. A iniciativa tem como principal objetivo preparar brigadistas e fornecer treinamento especializado para os profissionais que já atuam no combate a incêndios florestais.
Entre 2021 e 2023, foram promovidos pelo menos 51 cursos e capacitações em colaboração com instituições como o Ibama, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com mais de 3 mil pessoas recebendo formação. O programa era financiado pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional
Por outro lado, algumas medidas ficaram isentas do congelamento, como é o caso da ajuda militar a Israel e ao Egito. Além disso, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, confirmou que seu país segue recebendo verbas americanas. A entrega emergencial de alimentos também não foi afetada.
É improvável que governos dos países mais pobres sejam capazes de manter por conta própria os projetos que até então dependiam do apoio estadunidense. O cientista político Stephan Klingebiel, do Instituto Alemão para o Desenvolvimento e a Sustentabilidade (Idos), prevê que essa lacuna pode acabar sendo preenchida no longo prazo pela China. “Países como a China, Rússia e outros adorariam ocupar espaços onde o Ocidente não é tão forte”, afirma. “Temos muitas vezes visto isso no continente africano, mas também em outros lugares. Trump está criando novas oportunidades para a China.”
(dados da Ansa, CNN Brasil e Deutsche Welle)