Em Veneza, diretores de festivais de cinema se unem

Diante dos cancelamentos em cascata por causa da pandemia de covid-19, os diretores dos maiores festivais de cinema europeus mostraram sua solidariedade nesta quarta-feira (2) em Veneza, onde a 77ª edição da Mostra começa durante a noite.
Deixando de lado suas rivalidades, os diretores de Veneza (Alberto Barbera), Cannes (Thierry Frémaux), Locarno (Suíça, Lili Hinstin), Rotterdã (Holanda, Vanja Kaludjeric), Karlovy Vary (República Tcheca, Karel Och) e San Sebastian (Espanha, José Luis Rebordinos) deram uma coletiva de imprensa conjunta.
Um “texto comum” será apresentado durante a cerimônia de abertura da Mostra, para reafirmar “o valor fundamental do cinema e a importância dos festivais no apoio e promoção do cinema em todo o mundo, e o cinema europeu em particular”.
A presença dos diretores de festivais em Veneza “marca a solidariedade com a indústria global do cinema, que foi gravemente afetada pela pandemia, e seus colegas que foram forçados a cancelar ou adiar seus festivais”, disse a Mostra em um comunicado à imprensa.
“É uma representação simbólica que oferecemos hoje (…). Queremos mostrar que podemos superar todas as crises se trabalharmos juntos”, comentou Alberto Barbera.
“Um dos poucos efeitos positivos do confinamento é que nós (líderes de festivais) começamos a conversar muito uns com os outros”, comentou.
Ao seu lado, o diretor de Cannes, que teve de cancelar o seu encontro na Croisette na primavera, agradeceu aos organizadores de Veneza: “Eles são os nossos veteranos, é o festival mais antigo do mundo”. “É sobretudo para o cinema que existem os festivais (…) Não é para nós, é para as obras, os autores”, ressaltou.“Ainda não estamos no mundo pós-covid”, avisou, ao dizer que tem “toda a confiança no futuro”.
Enquanto a indústria do cinema sofreu enormemente durante o confinamento, Thierry Frémaux enfatizou “a chance de ter um sistema de ajuda particularmente desenvolvido na Europa”.“A cultura é o que custa menos e que mais nos aporta”, argumentou.
Alberto Barbera, por sua vez, fez questão de apontar as dificuldades com que se deparam as salas de cinema: “temos de apoiá-las (…) Não podemos perder a experiência de ver um filme numa sala, que faz parte da própria natureza do cinema”.
‘Não me chamem de atriz’, diz Cate Blanchett
A estrela de Hollywood, Cate Blanchett, disse nesta quarta-feira (2) que preferiria que a chamassem de ator em vez de atriz.
A australiana, que preside neste ano o júri no Festival de Veneza, ressaltou a polêmica decisão do festival de Berlim, na semana passada, de eliminar os prêmios por gênero e premiar apenas um “melhor ator”.
“Sempre me referi a mim mesma como um ator”, disse Blanchett, ao ser questionada sobre os prêmios neutros em relação ao gênero, horas antes de começar o Festival de Veneza, de 10 dias, com restrições por causa da pandemia de covid-19.
“Pertenço a uma geração em que a palavra ‘atriz’ quase sempre foi utilizada com um sentido pejorativo. Então, reivindico o outro espaço”, disse a australiana.
Para comprovar seu ponto, ela perguntou aos repórteres se existia um equivalente feminino da palavra “professor” em italiano, apenas para ouvi-los dizer que não.
Blanchett lidera o júri em Veneza – criticado anteriormente por feministas pela “masculinidade tóxica” de sua seleção -, em um ano em que o número de diretoras na competição quadruplicou, chegando a oito. (com dados da Afp)