A eleição do deputado de extrema-direita Lorenzo Fontana, da Liga, como presidente da Câmara da Itália na última sexta-feira (14) gerou uma série de manifestações de organizações que defendem os direitos da comunidade LGBTQIA+. Isso porque o político coleciona uma série de declarações homofóbicas ao longo da sua carreira na administração pública.
“Com a eleição de Lorenzo Fontana, estão em risco a democracia, os direitos das mulheres e LGBTQIA+”, disse o porta-voz do Partido Gay, Fabrizio Marazzo, que ainda lembra da proximidade do político com o governo russo de Vladimir Putin.
“Infelizmente, a sua eleição segue aquela de Ignazio La Russa [para presidente do Senado], também ele anti-LGBTQIA+, que além de dizer muitas frases homofóbicas e regurgitações fascista ainda se orgulha te ter vários bustos e imagens de [Benito] Mussolini em sua casa”, acrescentou.
Já o presidente da Rete Lenford, o advogado Vincenzo Miri, ressaltou que “Fontana nunca fez mistério em apoiar o modelo de família da Rússia de Putin” e que “obviamente há preocupações porque é um presidente que não vai representar os pedidos das comunidade LGBTQIA+ que sempre atacou”.
“O novo presidente da Câmara sempre reivindicou ideias ultraconservadoras e se opôs, em várias batalhas, às reivindicações importantes, como o casamento gay. Também se opôs às uniões civis e à famigerada ‘propaganda de gênero nas escolas’ que não existe”, acrescentou.
Miri pontuou que atualmente já há um bom número de deputados que apoiam as causas das famílias homoafetivas, mas ressaltou que “as presidências têm um papel fundamental na discussão de projetos e também em fazer política com P maiúsculo”.
“Continuaremos a vigiar e a fazer o nosso dever, mas não escondo que há preocupações”, finalizou.
Entre as declarações mais polêmicas de Fontana, está a de que “famílias gays não existem” e que crianças só devem ter “um papai e uma mamãe”. Também defende que filhos de casais homoafetivos italianos que tenham nascido no exterior não recebam a cidadania. (com dados da Ansa)