O diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, Hans Kluge, afirmou no domingo (16) que a Itália está perto de atingir o pico de casos da variante Ômicron do novo coronavírus. Ainda segundo o médico belga, as autoridades italianas percorreram o “caminho certo, com vacinação, terceira dose e máscaras”. “Em países como Itália e Grécia, estamos nos aproximando muitíssimo do pico”, declarou Kluge à emissora Rai3.
De acordo com o diretor da OMS para a Europa, também é muito provável que o pico da variante no continente chegue “antes do previsto”. “Daqui a duas ou três semanas”, afirmou.
Países atingidos primeiro pela Ômicron, como África do Sul e Reino Unido, já registram uma queda brusca nos casos, o que serve de alento para nações que ainda apresentam tendência de alta.
A Itália bateu na última terça-feira (11) seu recorde de contágios diários na pandemia, com 220,5 mil, porém a curva epidemiológica vem dando sinais de desaceleração.
A média móvel de casos no último sábado (15) ficou em 175.067, índice 90% maior do que duas semanas atrás, porém essa taxa comparativa com 14 dias antes era de 376% em 8 de janeiro.
Ainda assim, o subsecretário do Ministério da Saúde, Pierpaolo Sileri, disse no domingo que, a menos que chegue outra variante, “toda a população terá encontrado” a Ômicron até o fim de 2022. “A Ômicron vai chegar em todos, não tem escapatória”, acrescentou.
Apesar dos números sem precedentes de casos, a “onda Ômicron” não produziu internações e mortes na mesma velocidade, e os dois indicadores permanecem longe dos picos vistos no fim de 2020, quando a Itália chegou a ter quase mil óbitos por dia e 4 mil pacientes em UTIs.
O país registrou 308 mortes no último sábado e contabiliza pouco menos de 1,7 mil hospitalizados em terapia intensiva. Isso se explica pelo fato de quase 80% da população já ter concluído o primeiro ciclo de vacinação, sendo que 44% das pessoas tomaram a dose de reforço.
Mesmo assim, o governo tornou obrigatória a imunização para maiores de 50 anos, faixa etária que ainda tem cerca de 2 milhões de indivíduos sem cobertura vacinal, e proibiu o acesso de pessoas não vacinadas ou que não estejam recém-curadas em locais como cinemas, academias, restaurantes, eventos esportivos e transportes públicos.
Chance de UTI para não vacinados na Itália é quase 40x maior
A taxa de internação de pacientes não vacinados contra a covid-19 em UTIs na Itália é quase 40 vezes maior do que aquela referente às pessoas que já tomaram a dose de reforço.
As estatísticas foram divulgadas no último sábado pelo Instituto Superior de Saúde (ISS), enquanto o governo tenta novas estratégias para imunizar os mais de 5 milhões de adolescentes e adultos que ainda estão sem cobertura vacinal.
Segundo o ISS, a taxa de internação de não vacinados em UTIs está atualmente em 26,7 para cada 100 mil habitantes, enquanto entre aqueles com o reforço o índice é de 0,9/100 mil, uma diferença de 38,1 vezes – a terceira dose já está disponível para todos os adultos na Itália.
No entanto, a taxa de internação também é baixa entre aqueles com primeiro ciclo de vacinação concluído, mas sem o reforço: de 1,7/100 mil para aqueles com o esquema inicial terminado há mais de 120 dias (índice 15,7 vezes menor na comparação com não vacinados), e de 1,1/100 mil para os que concluíram o primeiro ciclo há no máximo 120 dias (24,3 vezes menor).
Já a incidência de mortes por Covid entre não vacinados é de 42,4/100 mil habitantes, cifra 30,3 vezes maior do que entre imunizados com reforço (1,4/100 mil), 11,5 vezes maior do que entre os que tomaram só o primeiro ciclo há no máximo 120 dias (3,7/100 mil) e nove vezes maior do que os vacinados só com o esquema primário há mais de quatro meses (4,7/100 mil).
O estudo se baseia em dados coletados no período entre 19 de novembro e 19 de dezembro, no caso de internações, e entre 12 de novembro e 12 de dezembro, para os óbitos. Ou seja, ainda antes de a variante Ômicron se tornar predominante na Itália.
O relatório também mostra que a dose de reforço garante eficácia de 68,8% e 97,8% contra o contágio por covid e casos graves da doença, respectivamente. (com dados da Ansa)