O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, anunciou na terça-feira (21) que está deixando o Movimento 5 Estrelas (M5S) para liderar um novo grupo parlamentar de apoio ao governo do premiê Mario Draghi. A decisão ocorre em meio ao racha no partido por conta do envio de armamentos para as Forças Armadas ucranianas e após Di Maio acusar o líder do M5S e ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte de minar os esforços do governo para apoiar a Ucrânia e enfraquecer a posição de Roma na União Europeia.
“Hoje é uma decisão difícil que eu nunca imaginei que teria que tomar… mas hoje eu e muitos outros colegas e amigos estamos deixando o Movimento 5 Estrelas, que a partir de amanhã não será mais a principal força política do país”, disse Di Maio, durante coletiva de imprensa no Hotel Bernini, em Roma.
A ruptura ocorre em um dos dias mais difíceis para o governo Draghi, no qual o primeiro-ministro discursou no Senado sobre a guerra na Ucrânia e, sem mencionar a questão das armas especificamente, disse que o governo italiano “pretende continuar apoiando a Ucrânia como o Parlamento disse para fazer, junto com os parceiros da União Europeia e do G7”.
“Nos últimos meses a primeira força política no Parlamento teve o dever de apoiar o governo sem ambiguidade. Optamos por realizar uma operação verdadeira, partindo precisamente da ambiguidade na política externa dos M5S. Neste momento histórico, apoiar valores pró-europeus e atlanticistas não pode ser uma falha”, acrescentou.
Segundo Di Maio, ele precisou escolher um lado da história – com a Ucrânia sendo atacada ou a Rússia como agressora – porque as posições de alguns líderes do M5S arriscavam enfraquecer a Itália.
“Pensar em mexer com a estabilidade do governo apenas por motivos relacionados à crise de consenso é irresponsável”, disse.
Di Maio, que esteve à frente do M5S desde o seu nascimento em 2009 a 2021, anunciou ainda que vários colegas, sem dizer o número, estavam deixando o partido e iniciando um novo caminho “para fazer a Itália progredir de Norte a Sul”, o que é preciso “agregar os melhores talentos e as melhores habilidades, porque um não vale o outro”.
“Ninguém tem a intenção de criar uma força política pessoal, estamos no caminho, começando pelos administradores locais. Deve ser uma onda com necessidades territoriais no centro. Não haverá espaço para ódio, populismo, soberania e extremismo”, afirmou ele, lembrando que é parte do governo e acredita “que o trabalho de Draghi é um orgulho” e continuará a a “apoiá-lo com lealdade e empenho”.
Mais cedo, a imprensa italiana já havia divulgado que Di Maio planeja criar uma nova bancada parlamentar, denominada “Insieme per il futuro”. Deputados e senadores relataram que mais de 60 parlamentares deixaram o M5S e se juntaram ao novo grupo.
Antes da coletiva, segundo informações da agência de notícias italiana ‘Ansa’, o chanceler chegou a ser recebido pelo presidente da Itália, Sergio Mattarella, no Palácio do Quirinale. (com dados da Ansa)