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Di Maio culpa partidos pró-Rússia pela queda do premiê Mario Draghi

21 de julho de 2022 - Por Comunità Italiana
Di Maio culpa partidos pró-Rússia pela queda do premiê Mario Draghi

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, culpou partidos pró-Rússia pela queda do premiê Mario Draghi, que renunciou após ter perdido sua base de apoio no Parlamento. “Não é coincidência que o governo tenha sido derrubado por forças políticas que piscam o olhinho para Vladimir Putin”, disse o chanceler nesta quinta-feira (21). “Esse é só o primeiro ato de um percurso para tentar tirar a Itália de suas alianças históricas e tentar desestabilizá-la do ponto de vista econômico”, acrescentou Di Maio.

Draghi tem sido uma das vozes mais duras na União Europeia contra o regime Putin e foi derrubado por três partidos acusados de simpatizar com o presidente da Rússia.

Um deles, o conservador Força Itália (FI), é liderado pelo ex-premiê Silvio Berlusconi, amigo de longa data de Putin e que apenas em abril, quando já circulavam notícias dos massacres em cidades ucranianas ocupadas, admitiu estar “profundamente decepcionado” com o mandatário russo.

Já a ultranacionalista Liga chegou a assinar um acordo de cooperação com o partido de sustentação do regime, o Rússia Unida, e seu líder, o senador Matteo Salvini, disse em 2015 que “trocaria dois Mattarellas [presidente da Itália] por meio Putin”.

O terceiro partido responsável pela queda de Draghi é o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), cujo presidente, o ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte, é acusado de ter deixado a Rússia usar uma operação de ajuda sanitária à Itália no início da pandemia de Covid-19 para fins de inteligência e propaganda.

O próprio Di Maio era uma figura histórica do M5S, mas rompeu com o movimento por discordar da linha de Conte contrária ao envio de ajuda militar à Ucrânia. “Fiz uma batalha dentro do M5S para colocá-lo no lado certo da história, com a Otan e a União Europeia. Quando vi que não era possível, quando até o embaixador russo em Roma endossou o M5S, decidi sair”, declarou o ministro.

Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que Moscou não tem “nada a ver” com a crise italiana. “Não apenas analistas e blogueiros, mas também políticos italianos atribuem mudanças políticas internas à Rússia. Isso nos chocou”, acrescentou.

Segundo Zakharova, o governo Draghi deve ser “avaliado pelos italianos”. “Sempre consideramos a Itália como um país soberano e independente. Se isso não é considerado assim por outros, isso não tem nada a ver com a Rússia. A operação do governo Draghi deve ser avaliada pelos italianos. A Itália é um país soberano, independente, que não deve depender de ninguém. Não entendo porque há a necessidade interna de explicar o que acontece com fatores externos”, afirmou aos jornalistas em sua coletiva diária”, ressaltou.

Questionada então se Moscou vai apoiar algum partido nas possíveis eleições antecipadas, Zakharova afirmou que não.

“A Rússia não vai apoiar nenhum partido como, ao invés disso, fazem os Estados Unidos e os países da União Europeia a favor de uma ou outra força política por ocasião de pleitos em outros Estados. Isso não atinge só Washington em relação aos países da Otan. Lembrem como países da UE diziam que era vantajosa a eleição de Hillary Clinton para presidente dos EUA”, acrescentou a representante, que não informou, porém, que uma investigação norte-americana apontou que o Kremlin também interferiu na disputa em prol de Donald Trump.

Para Zakharova, os russos acham “vantajoso desenvolver a cooperação” com os italianos, “mas quem, como e quando chega ao poder, é assunto dos italianos”. A porta-voz ainda criticou as muitas vozes de “comentaristas, blogueiros, responsáveis políticos italianos que ligam as mudanças políticas internas à Rússia e à política externa”.

Os questionamentos à representante do Ministério das Relações Exteriores vêm por dois motivos.

O primeiro é que Draghi sempre esteve na linha de frente na imposição das sanções político-econômicas contra Moscou por conta da guerra na Ucrânia e é um dos maiores defensores de Kiev dentro do bloco.

O segundo é por conta do fato de uma das maiores crises que antecederam sua queda do cargo de premiê ter sido criada por dois partidos da base, o populista Movimento 5 Estrelas (M5S) e o extrema-direita Liga, sobre o envio de mais armas para que os ucranianos pudessem se defender e atacar os russos em seu território. Não é de hoje que as duas siglas, e o Força Itália, de Silvio Berlusconi, são acusados de serem pró-Rússia, apesar de terem condenado publicamente a invasão à Ucrânia.

As três legendas foram as que se abstiveram na votação de confiança para a permanência de Draghi nesta quarta-feira (20), o que causou sua renúncia.

(com dados da Ansa)

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.

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