O desfile da seleção da Itália em ônibus aberto, que reuniu milhares de pessoas em Roma após o título da Eurocopa, não havia sido autorizado oficialmente. É o que diz o prefeito da província de Roma, Matteo Piantedosi, em entrevista publicada pelo jornal Corriere della Sera nesta quarta-feira (14), dois dias depois do evento.
“Nós tínhamos negado a permissão para festejar a vitória da Itália na Euro em ônibus aberto, mas os pactos não foram respeitados”, disse. O desfile da Azzurra provocou uma aglomeração que não era vista desde o início da pandemia e levantou temores a respeito de um novo repique nos casos de Covid-19.
Segundo relato de Piantedosi, as regras para a celebração em caso de título haviam sido definidas durante uma reunião na última sexta-feira (9), dois dias antes da final da Euro, com a ministra do Interior, Luciana Lamorgese, e o com o chefe da Polícia de Estado, Lamberto Giannini.
“A Figc [Federação Italiana de Futebol] pedia permissão para os atletas da seleção darem uma volta por Roma em um ônibus descoberto, mas foi explicado claramente que não seria possível. Dissemos que não podíamos autorizar”, contou o prefeito – na Itália, os chefes de província são nomeados diretamente pelo governo e cuidam sobretudo de questões de segurança pública.
De acordo com Piantedosi, o veto se devia à necessidade de conciliar o deslocamento da Azzurra entre as sedes da Presidência e do governo com as “necessidades de segurança ligadas à pandemia”.
“Pensamos que eles teriam parado os jogadores diante do Palácio Chigi [sede do governo], após o encontro com o primeiro-ministro Mario Draghi. Eles [a Figc] tinham nos assegurado que o deslocamento seria feito em um ônibus coberto. Mas, após a saída do Quirinale [sede da Presidência], chegou um ônibus descoberto com escritas dedicadas aos campeões da Europa”, contou o prefeito.
Neste momento, segundo Piantedosi, seria impossível proibir o desfile, uma vez que poderia causar “problemas de ordem pública” com as milhares de pessoas que já estavam reunidas para ver a seleção. “Argumentaram que já tinha muita gente pelas ruas e que era uma forte intenção dos jogadores prosseguir com o desfile em ônibus descoberto”, acrescentou.
Ainda de acordo com o prefeito, o capitão Chiellini e seu companheiro de zaga Bonucci “apresentaram seu entendimento com determinação ao pessoal do serviço de ordem”. “Naquele momento, não podíamos fazer outra coisa que não aceitar a situação e administrá-la da melhor maneira possível”, disse.
Um vídeo divulgado pelo Corriere della Sera mostra Bonucci discutindo acaloradamente com os responsáveis pela segurança, mas não é possível ouvir o que eles dizem. A maioria dos torcedores que acompanharam o desfile estava sem máscara, embora o uso do equipamento seja obrigatório quando há risco de aglomeração, mesmo ao ar livre.
A Itália já vive um momento de alta nos novos casos de Covid-19, embora as mortes ainda apresentem tendência de queda. Mais de 40% da população está totalmente vacinada contra o novo coronavírus.
Reação
Por meio de um comunicado, a Figc admite que o pedido para fazer o desfile em carro aberto havia sido negado pelas autoridades de segurança e que o plano inicial era levar a delegação diretamente para o CT de Coverciano, em Florença.
“A passagem em Roma foi prevista apenas depois dos convites do chefe de Estado [Sergio Mattarella] e do presidente do Conselho dos Ministros [Mario Draghi]”, diz a nota.
O comunicado da Figc também corrobora, embora com outras palavras, a versão do prefeito da província de Roma de que o desfile em ônibus aberto só ocorreu porque, naquele momento, não havia mais o que fazer.
“O ônibus coberto que transportava a equipe foi frequentemente desacelerado e bloqueado pelo afeto das pessoas, que já não usavam instrumentos de proteção individual. Acreditando que a situação não fosse mais administrável, reiteramos nosso pedido, neste momento compartilhado pelas instituições, para um breve trajeto em ônibus descoberto, tendo em vista até a proteção da incolumidade dos jogadores e para não decepcionar milhares de pessoas que já estavam no centro da capital”, acrescenta a federação. (com dados da Ansa)