Comitê da Unesco decide por unanimidade não incluir Veneza em lista de patrimônios em risco

O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, reunido na quinta-feira (14) em Riad, na Arábia Saudita, decidiu, por unanimidade, não incluir a cidade de Veneza, no norte da Itália, na lista de patrimônios em risco. A medida foi celebrada pelo ministro da Cultura da Itália, Gennaro Sangiuliano, que reforçou que “o trabalho realizado pela pasta em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores, a região do Vêneto, do munícipio e as instituições locais impediu uma manobra puramente política indevida”, e pelo prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro.
“Esta é a demonstração de como foram reconhecidos por todos os esforços que estamos a desenvolver, a todos os níveis institucionais, para a proteção de Veneza, e que a proposta de incluí-la na lista de perigos era muito política e pouco técnica”, afirmou Brugnaro.
Segundo o prefeito da “Sereníssima”, foi criado “um sistema para valorizar todas as ações, traduzidas em atos administrativos e investimentos econômicos para o futuro de Veneza”.
Em julho passado, a Unesco chegou a recomendar a inclusão de Veneza na lista de patrimônios da humanidade em perigo e apelou para as autoridades italianas intensificarem os esforços para proteger a cidade histórica.
Na ocasião, o Centro do Patrimônio Mundial, braço da Unesco, justificou a medida dizendo que “os efeitos da deterioração contínua devido à intervenção humana, incluindo o desenvolvimento contínuo, os impactos das mudanças climáticas e o turismo em massa correm o risco de causar mudanças irreversíveis no valor universal excepcional do bem”.
O pedido foi feito porque as medidas propostas pelo governo italiano haviam sido classificadas como “insuficientes”. O objetivo era incentivar a melhor prevenção do patrimônio para o futuro.
Na tentativa de receber uma chance da Unesco, a prefeitura de Veneza apressou a aprovação do novo regulamento para cobrar um “ingresso” para quem quiser acessar a cidade a partir da primavera de 2024.
O “ticket” de acesso foi inspirado nas “taxas de desembarque” aplicadas em algumas ilhas italianas e tem como principal objetivo criar um impedimento para os fluxos indiscriminados de turistas que inundam Veneza.
Por outro lado, uma petição assinada por mais de 4 mil cidadãos venezianos foi enviada para a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, e aos 21 membros do Comitê do Patrimônio Mundial para defender a inclusão de Veneza na lista de patrimônios da humanidade em perigo.
O documento, disponibilizado na plataforma change.org, ressaltava que “a Veneza que tantos viajantes, livros e filmes contaram e fizeram o mundo inteiro amar está a desaparecer”.
“A cidade hoje é cada vez mais atingida por massas de turistas que obstruem suas ruas, pontes e transportes públicos, colocando em risco a segurança das pessoas”, especificou a carta. (com dados da Ansa)