O ano de 2023 começa com os mercados de Nova York, da maior parte da Ásia e do Reino Unido ainda no recesso de Ano Novo, com o feriado que caiu no domingo sendo transferido para esta segunda-feira (02). Assim a Bolsa brasileira B3 terá para se guiar no início do dia apenas os mercados de Paris e de Frankfurt, o que deve levar a um peso maior nos acontecimentos políticos e econômicos internos.

Por aqui, o Brasil amanhece sob um novo governo, após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva no domingo. Devem ter algum impacto no dia os discursos do presidente feitos ontem, em especial o proferido no Congresso Nacional, que deu um forte peso ao retorno do Estado como indutor do desenvolvimento econômico.

Lula prometeu, por exemplo, reformar a legislação trabalhista e chamou o Teto de Gastos de “estupidez”, afirmando que ele será revogado. Não houve menção a um novo arcabouço fiscal.

Também no dia 1° de janeiro foram assinados os primeiros decretos presidenciais, sendo os mais importantes do ponto de vista macroeconômico a esperada manutenção do pagamento de R$ 600 para as famílias mais pobres e a prorrogação por 60 dias da desoneração sobre os combustíveis.

Este último anúncio terá um impacto na arrecadação federal e contraria uma defesa feita pelo novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tomará posse hoje, às 9h.

A confirmação da escolha do senador petista Jean Paul Prates para presidir a Petrobras (PETR3;[ativoPETR4]) também deve mexer com as ações da companhia nesta segunda-feira.

1. Bolsas internacionais

A Bolsa de Hong Kong fechou em queda de 0,48%, com impacto especialmente de um relatório divulgado no final de semana e que mostrou que a manufatura chinesa contraiu pelo terceiro mês consecutivo em dezembro, na maior queda desde fevereiro de 2020.

As Bolsas de Paris e Frankfurt abriam em alta, respectivamente, de 0,77% e 1,06%, com os investidores aproveitando os preços das ações de alguns setores após a queda do ano passado.

No mercado de petróleo, o WTI avança 2,69%, a US$ 80,51 o barril.

2. Agenda

Entre os indicadores econômicos desta segunda-feira (2), são esperados a primeira pesquisa Focus do ano, dados de gerentes de compras (PMI) de Brasil, Zona do Euro, Alemanha, França e Espanha, além da balança comercial brasileira referente a dezembro e ao acumulado de 2022.

Zona do Euro
06:00 PMI Industrial – Markit Economics (Dezembro)

Brasil
08:25 Boletim Focus
08:00 PMI Industrial – S&P Global (Dezembro)
15:00 Balança Comercial (Dezembro)

Agenda presidente Lula

Todas as reuniões serão realizadas no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF):

09h30 – Rei Felipe VI da Espanha
10h – Presidente da Bolívia, Luis Arce Alberto Catacora
10h30 – Presidente da República da Argentina, Alberto Ángel Fernández
11h – Presidente da República do Equador, Guillermo Lasso
11h30 – Presidente da República do Chile, Gabriel Boric Font
12h – Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza
12h30 – Presidente da República da Colômbia, Gustavo Petro
13h – Presidenta da República de Honduras, Iris Xiomara Castro Sarmiento
14h30 – Vice-presidente da República Popular da China, Wang Qishan
15h – Presidente de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço
15h30 – Primeiro-ministro da República do Mali, Choguel Kokalla Maiga
16h – Presidente da República Democrática do Timor-Leste, José Ramos-Horta
16h30 – Vice-presidente da República de Cuba, Salvador Antonio Valdés Mesa
17h – Presidente do Conselho de Ministros da República do Peru, Luis Alberto Otárola Penaranda
17h30 – Presidente da Assembleia Nacional da República Bolivariana da Venezuela, Jorge Rodrigues

Haddad

O ministro Fernando Haddad tomará posse nesta segunda-feira (2), às 9h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.

3. Noticiário econômico

Discurso de posse de Lula sinaliza maior intervenção na economia

Em seu discurso de posse no domingo no Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez vários ataques à herança deixada pelo seu antecessor, Jair Bolsonaro, e sinalizou que o Estado passará a ter um papel maior na economia.

Ele citou a intenção de fortalecer estatais e bancos públicos para preservar o “patrimônio nacional”, chamou o teto de gastos de “estupidez” e falou em revisar a reforma trabalhista. Lula também ordenou que ministros apresentem planos para interromper privatizações de empresas públicas, como Petrobras e Correios.

Novo governo decide prorrogar isenção de impostos sobre combustíveis

Uma das primeiras medidas adotada pelo novo governo ainda na noite de domingo foi a assinatura pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de uma medida provisória que renovou por dois meses a isenção dos impostos federais sobre a gasolina.

De acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, a desoneração dos tributos incidentes sobre o diesel e gás de cozinha vai ser válida por um tempo indeterminado. Essa medida contraria a intenção do novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que contava com o retorno de parte dessa arrecadação logo no início de sua gestão.

4. Noticiário político

Lula defende pacificação, mas promete apurar responsabilidades na pandemia

O presidente Lula adotou um tom de pacificação nos dois principais discursos de posse que fez ontem em Brasília, no Congresso Nacional e no parlatório do Palácio do Planalto, mas deixou claro que vão patrocinar um anistia sobre as responsabilidades de Jair Bolsonaro, seus aliados, apoiadores e assessores, tanto na condução do País durante a pandemia quanto na defesa de atitudes golpistas.

Em seu discurso no Congresso, Lula citou os crimes cometidos na gestão da pandemia e culpou o antecessor pelas mortes de quase 700 mil brasileiros. Sem citar o nome de Bolsonaro, classificou seu governo como “negacionista, obscurantista e insensível à vida”.

“As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes”, afirmou. Em outra passagem, ele disse que volta sem “ânimo de revanche”, porém decidido a garantir o “primado da lei”. “Quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa”, sentenciou.

Presidente revoga decretos de Bolsonaro que facilitavam acesso a armas

Num de seus muitos atos simbólicos de passagem do podem ontem, Lula cumpriu uma de suas promessas de campanha e revogou os decretos que ampliavam o acesso às armas de fogo.

Os decretos foram editados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como uma de suas promessas da campanha eleitoral de 2018, com o objetivo de desburocratizar o acesso a armas e munições no país.

Durante seus discursos no domingo, Lula chamou os decretos de “criminosos” e disse que os brasileiros querem “paz” e “não armas”.

5. Radar Corporativo

GPA (PCAR3)

O GPA informou que o Éxito pediu na CVM registro de companhia aberta categoria A e sua listagem no programa de BDRs da B3. A companhia afirmou que espera concluir a segregação de negócios do Éxito no primeiro semestre de 2023.

Gol (GOLL4)

A aérea Gol informou a emissão de US$ 196 milhões em notes, divididas em duas séries, uma com taxa de 5,00% e vencimento em 2026 e outra com taxa de 3,00% e vencimento em 2025. A remuneração terá um custo médio de 4,3% ao ano. O objetivo é realizar o pagamento de arrendamento de aeronaves.

Equatorial (EQTL3)

A Equatorial conclui a compra da Celg D por R$ 1,513 bilhão. Os valores foram pagos à Enel. A empresa, na transação, irá assumir uma dívida de R$ 7 bilhões, a ser paga nos próximos 12 meses. (InfoMoney)