Dezenas de cientistas da Itália divulgaram uma carta aberta cobrando que os partidos políticos priorizem a luta contra a crise climática em seus programas para as eleições de 25 de setembro. Publicado na edição desta quarta-feira (3) do jornal La Repubblica, o texto alerta que a Itália, por estar na região do Mediterrâneo, “sente mais que outras partes do mundo as recentes mudanças climáticas de origem antrópica e os seus efeitos”.
“O aquecimento excessivo, as fortíssimas perturbações no ciclo da água e outros fenômenos meteorológicos e climáticos vão impactar territórios frágeis e criar danos em vários níveis, influenciando fortemente e negativamente as atividades econômicas e a vida social”, diz a carta.
O documento ressalta que a Itália já sofre com secas e ondas de calor mais intensas e frequentes, além da redução do volume das geleiras.
“Nesse contexto, é urgente colocar esse problema no topo da agenda política. E hoje, a aproximação das eleições se torna a ocasião para fazê-lo de forma concreta. Pedimos com força aos partidos políticos que considerem a luta contra a crise climática como base necessária para obter um desenvolvimento equânime e sustentável”, afirma o texto.
Os cientistas ainda cobram políticas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa na Itália, paralelamente à implantação de “ações de adaptação” para tornar o país “mais resiliente” a eventos climáticos extremos. “Como cientistas do clima, estamos prontos a fornecer nossa contribuição para elaborar soluções e ações concretas e com base científica”, ressalta o manifesto.
Também ao “Repubblica”, o vencedor do Nobel de Física Giorgio Parisi endossou a carta de seus colegas e pediu que os eleitores votem em quem apresentar propostas mais “convincentes” para enfrentar a crise climática. “Os próximos anos serão cruciais.
Quanto mais se espera para agir, mais difícil será voltar atrás”, disse.
A favorita à vitória nas eleições na Itália é a deputada de extrema direita Giorgia Meloni, que já atacou publicamente a “ideologia de Greta Thunberg” e o “fundamentalismo climático”. (com dados da Ansa)