A polícia italiana entregará ainda nesta semana à Polícia Federal do Brasil as imagens do circuito interno de TV do aeroporto de Roma que captaram o episódio da agressão ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes (STF). As imagens já foram preservadas e serão solicitadas pela adidância da PF na Itália por cooperação internacional nesta segunda-feira (17).
Elas deverão servir para que a PF elimine a divergência entre as versões do próprio ministro, que fez uma representação à PF relatando o episódio, e os três acusados de agressão: o empresário Roberto Mantovani Filho, sua mulher, Andreia Munarão, e o genro do casal, o corretor de imóveis Alexandre Zanatta.
o ministro Alexandre de Moraes, foi hostilizado na última sexta-feira (14) por um grupo de três brasileiros no aeroporto internacional de Roma. O ministro foi xingado de “bandido, comunista e comprado” por uma mulher identificada como Andreia Munarão.
Moraes estava com a sua família no aeroporto da capital italiana, quando voltava de uma palestra que ministrou na Universidade de Siena, uma das mais tradicionais do país, onde participou de um fórum internacional de direito.
Depois, um homem, apontado pela PF como Roberto Mantovani Filho, teria agredido fisicamente o filho do magistrado com um tapa, segundo relatos. O filho de Moraes interveio na discussão para sair em defesa do pai.
Marido de Andreia, Mantovani Filho é empresário de Santa Bárbara d’Oeste, no interior de São Paulo.
Um terceiro sujeito, Alex Zanatta, genro do empresário, prosseguiu com os xingamentos ao lado de Roberto e Andreia no aeroporto de Roma.
O ministro não estava acompanhado de escolta policial no momento da abordagem, que ocorreu entre 18h45 e 19h (horário local).
Moraes e os agressores pegaram voos diferentes – o trio embarcou para Guarulhos, enquanto o presidente do TSE e sua família seguiram para outro destino na Europa.
A Polícia Federal já identificou todos os agressores, que desembarcaram na manhã do último sábado (15) no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. Eles responderão em liberdade a um inquérito policial por crimes contra honra e ameaça.
Segundo informações do ‘O Globo’, o ministro da Justiça, Flávio Dino, conversou com Moraes após o episódio, oferecendo o apoio da Polícia Federal para a investigação das agressões. Isso porque, mesmo tendo ocorrido no exterior, os criminosos podem ser responsabilizados no Brasil.
“Houve agressões. Os agressores foram identificados, aguardados quando desembarcaram no Brasil, abordados, gravados e serão objeto de inquérito policial. E essa será a regra com todos os agressores, ainda que no exterior”, afirmou uma fonte.
A polícia italiana entregará ainda nesta semana à Polícia Federal do Brasil as imagens do circuito interno de TV do aeroporto de Roma que captaram o episódio da agressão ao ministro Alexandre de Moraes
As imagens já foram preservadas e serão solicitadas pela adidância da PF na Itália por cooperação internacional nesta segunda-feira (17).
Depoimentos
No domingo (16), os três contaram uma história diferente sobre o que aconteceu no aeroporto no início da noite de sexta.
No relato à PF, Moraes afirmou que a confusão começou quando Andreia Munarão se aproximou dele e o chamou de “bandido, comunista e comprado”.
Em seguida, Mantovani teria passado a gritar e dado um tapa nos óculos do filho do ministro, que também se chama Alexandre. Depois disso, os agressores teriam seguido a família até a sala VIP do aeroporto, onde a discussão continuou.
Moraes contou ainda que alertou o grupo de que tiraria fotos de todos eles e representaria à PF, e incluiu as fotos no documento.
Os três, mais o filho de Mantovani que teria ajudado a conter as agressões, foram intimados a depor no domingo, mas só Zanatta compareceu.
À PF, ele afirmou que não estava presente no início da discussão e disse que só foi chamado quando a situação já estava praticamente resolvida. Zanatta disse ainda que não ofendeu ninguém.
Já Mantovani e Andreia não prestaram depoimento, alegando que estavam em um compromisso fora de Piracicaba quando foram intimados a depor pela Polícia Federal da cidade.
Contudo, eles divulgaram uma nota dizendo não ter ofendido e nem agredido Moraes, mas teriam sido confundidos com outras pessoas. Segundo eles, por causa dessa “confusão interpretativa” houve um “nasceu um desentendimento verbal entre ela e duas pessoas que acompanhavam o Ministro”.
A nota diz ainda que “diante dessa discussão, que ficou acalorada diante das graves ofensas direcionadas a Andréa, Roberto, que tem mais de 70 anos, precisou conter os ânimos do jovem ofensor”.
Ou seja: o casal sugere que quem os agrediu fisicamente foi o filho de Alexandre de Moraes e não o contrário.
Esse é o tipo de divergência que as imagens do circuito interno do aeroporto poderão esclarecer, já que até agora ainda não apareceram imagens do episódio em si. O grupo do ministro tirou fotos de Mantovani, Andreia e Zanatta, mas não chegou a filmar a confusão.
De acordo com fontes da PF, o pedido para a cooperação internacional já foi apresentado à polícia italiana e eles podem até entregar as imagens do aeroporto já nesta segunda-feira.
Conforme o resultado da apuração, os três poderão ser indiciados por crimes contra a honra, agressão e até por atos antidemocráticos.
Reforço na segurança
No ano passado, o TSE decidiu reforçar a segurança de todos os seus integrantes, inclusive dos ministros substitutos, em meio ao recrudescimento dos ataques de Jair Bolsonaro contra o sistema eleitoral, conforme informou a coluna.
À época, um dos maiores temores da área de segurança do tribunal era com possíveis ataques inesperados dos chamados “lobos solitários” em um ambiente marcado pela forte radicalização política. (com dados do O Globo)