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Câmara Municipal de Niterói homenageia Comunità e imigração italiana

23 de maio de 2024 - Por Mauricio Cannone
Câmara Municipal de Niterói homenageia Comunità e imigração italiana

A Cidade Sorriso, que acolheu tantos imigrantes do outro lado do Atlântico, fez justas homenagens num ano inesquecível para as relações Brasil-Itália. A Câmara Municipal de Niterói rendeu louvores a dois históricos aniversários: 30 anos do Grupo Comunità e 150 anos da imigração italiana.

Milton Cal, presidente da Câmara dos Vereadores, fez as honras da casa:

– Foi muito emocionante para a cidade de Niterói. A festa é de vocês, não do presidente – disse Cal. – É notório e de grande relevância para nossa cidade a história que os italianos construíram e que o Grupo Comunità Italiana tão bem representa em alto nível por meio de suas publicações, eventos e seminários. Estou muito feliz de conduzir essa sessão.

Nativo de Niterói, Pietro Petraglia, diretor-presidente do Grupo Comunità, recebeu da parte de Milton Cal, presidente da Câmara de Vereadores o título de Cidadão Benemérito do seu município e a medalha Felisberto Carvalho.

– Hoje vivo sentimento de emoção e profundo respeito – enfatizou Petraglia – porque aqui é minha cidade que chama, ou melhor, as minhas cidades de Niterói e Sacco, os meus países Brasil e Itália – explicou Pietro, lembrando além de sua terra natal, da cidade de seus país, Angelina, presente à homenagem, e o saudoso Vito, imigrantes italianos. Pietro recordou que Niterói e Nova Iorque têm mais habitantes originários de Sacco do que a própria cidade italiana.

Diretor-presidente e fundador do Grupo Comunità Pietro Petraglia

Petraglia também ressaltou seu orgulho pela dupla cidadania:

– Deus me fez ítalo-brasileiro – destacou o jornalista. – Digo isso porque acredito que somos privilegiados por ter duas nações para chamar de pátria. E receber reconhecimento da casa do povo, que é a Câmara dos Vereadores de Niterói, cidade que nos acolhe e nos orgulha pela qualidade de vida, nos faz refletir se somos realmente dignos dos homens e das mulheres que construíram esse imenso território. Venho de uma família camponesa.

O presidente do Grupo Comunità destacou a relevância do arquiteto e urbanista modernista Ítalo Campofiorito, membro da equipe de arquitetos que construiu Brasília e um dos idealizadores do Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói. Fiel escudeiro de Niemeyer e Lúcio Costa, Ítalo é reconhecido mundialmente. O arquiteto é um dos responsáveis pela criação do grandioso projeto denominado Caminho Niemeyer. Petraglia enfatizou o trabalho de Campofiorito:

– A trajetória profissional de Ítalo Campofiorito é de enorme importância para o campo do patrimônio e da arquitetura moderna. Ele era neto do arquiteto italiano Pietro Campofiorito pintor e arquiteto italiano, que na década de 1910 projetou o Centro Cívico, conjunto de prédios públicos no entorno da Praça da República, aqui mesmo onde estamos, formado pelos prédios da Biblioteca Pública, a Câmara Municipal de Niterói (antiga Assembleia do Estado do Rio de Janeiro), o Liceu Nilo Peçanha, o Palácio da Polícia e o Fórum de Justiça do Estado.

Entrega do título de Cidadão Benemérito ao presidente do Grupo Comunità Pietro Petraglia

Outros importantes nomes e realizações no campo da cultura foram lembrados por Petraglia:

– Eu tinha 17 anos, ousado, sequer havia ingressado na universidade quando reuni turma de literatos, jornalistas e pessoas ligadas à comunidade ítalo-brasileira. Falei a todos do projeto Calçadão da Cultura, movimento muito ativo que acontecia na Livraria Ideal, no centro da cidade. Tratava-se de sebo criado em 15 de março de 1935 pelo imigrante Silvestro Monaco, originário da cidade de meus pais, Sacco, província de Salerno. O livreiro amigo da família Carlos Monaco foi o primeiro a ser convidado por mim e apresentou-me ao saudoso Júlio Vanni, que havia acabado de retornar da Itália e escrito o livro Itália meu amor. Júlio era mineiro de 65 anos, de Pequeri, que se orgulhava de suas origens de Ponte All’Ania em Barga, província de Lucca. Em seguida conheci outro grande professor, editor de livros, Angelo Longo, que faleceu aos 62 anos. Deixou grande legado para a literatura e para minha formação.

Pietro ressaltou a importância de outros nomes ilustres, como Maro Lucchesi. Escritor, poeta, poligolota, ex-presidente da Academia de Letras, que hoje a preside a Biblioteca Nacional. Assim como Pietro Polizzo, famoso por tocar mais de 500 bancas de jornais no século passado:

– Veio da Calábria para o Brasil – lembrou Pietro e começou vendendo jornais em sinais de trânsito. Montou império de distribuição e logística que ganhou respeito de personalidades como Roberto Marinho.

Pietro Polizzo, imigrante italiano empresario do ramo logístico de jornais e revistas

Dança e música

A festa foi abrilhantada por grupos de Niterói com músicas e dança típicas da Itália. A cerimônia abriu em grande estilo, com apresentações da Orquestra Grota, que tem o apoio do Grupo Comunità. E foi encerrada com a tarantella napolitana, coreografada pela Sasso Company, escola de música que atende desde crianças a idosos.

Orquestra da Grota, trabalho social que o Grupo Comunità Italiana ajuda

Em outro dos últimos números da cerimônia, Carmine Marasco, imigrante do Sul da Itália, também deu sua canja, entoando a popular canção Merica, Merica, a pedidos da plateia, que cantou junto acompanhando com palmas. Canção dos imigrantes que deixavam a Itália com destino à América. Não faltaram ainda os hinos nacionais de Brasil e Itália.

Carmine Marasco, proprietário de restaurantes italianos e cantor

Também deu toque especial à festa tocante documentário projetado no Plenário Brígido Tinoco, na Câmara, sobre a imigração italiana. O documentário foi produzido por Angelina Accetta, professora e coordenadora da UniLaSalle, prestigiosa universidade com sede em Niterói. Antigos navios, carregados de imigrantes cheios de esperança que cruzaram o Atlântico em busca de vidas melhores.

Professora da universidade Unilasalle Angelina Accetta

Houve outros vários homenageados pela Câmara dos Vereadores da Cidade Sorriso na mesma ocasião. O italiano Francesco Moliterni, presidente da empresa Leonardo do Brasil, agraciado com o título de cidadão niteroiense.

Presidente da Leonardo Brasil Francesco Moliterni

Mesma homenagem conferida a Nicola Miccione, secretário da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro. Ele não pôde comparecer a Niterói e foi representado na cerimônia por Aroldo Neto, seu subsecretário.

– Os imigrantes italianos tiveram muita importância na cultura, na agricultura, na economia brasileira – enfatizou Aroldo Neto.

Jardelino Menegat, reitor da UniLaSalle, recebeu placa de homenagem na Câmara. Ele lembrou suas origens do Belpaese:

– Meus antepassados vieram do Vêneto há 138 anos. Quero saudar com alegria o presidente da Câmara.

Jardelino Menegat, reitor da universidade Unilasalle filho de imigrantes

O deputado Fabio Porta, em nome do Parlamento Italiano, mandou de Roma, saudação pelos históricos aniversários:

– A coincidência dos 150 anos da imigração com os 30 de Comunità também me permite prestar homenagem devida e merecida a seu diretor, Pietro Petraglia, que com paixão e competência soube ao longo de todos estes anos manter elevado o nome da Itália e fortalecer as relações com o Brasil por meio deste instrumento de alta qualidade.

Outro agraciado, Atílio Guglielmo, também imigrante da região da Calábria, naturalizado brasileiro, preside o Mercado de Peixe São Pedro, onde se encontram vários descendentes de italianos desde a sua fundação na década de 1970.

O Padre Carmine Pascale, de 56 anos, nascido no Rio de Janeiro, tem orgulho de suas origens na região da Basilicata, e também foi um dos agraciados da noite.

Padre Carmine Pascale, sacerdote da igreja São Judas Tadeu, em Niterói

– Meu pai, Rocco Pascale, veio de Satriano di Lucania. Minha mãe, Antonietta Pace, 84 anos, é de Picerno, estabeleceu-se no Brasil há mais de 60 anos. Meu pai já é falecido. Foi comerciante, vendeu peixe, teve outras atividades. Morou em Nova Friburgo, depois em Niterói. Trabalhou também no ramo imobiliário – disse o sacerdote, desde 2001 na igreja de São Judas Tadeu, de Icaraí, na qual assumiu a função de pároco em 2004.

Domenico Accetta, diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Hidrográficas, também foi um dos homenageados.

Domenico Accetta, diretor geral do Instituto Nacional de Pesquisas Hidrográficas (INPH)
Cristiane Fernandes, empreendedora que montou recentemente o Nonna Oliva, restaurante localizado no Mercado Municipal da cidade.
Advogada com projeto social que ajuda crianças com aspectro autista, Jésika Marchette, acompanhada do filho Ettore
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Pietro Accetta, medico e ex-diretor geral do Hospital Antônio Pedro
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Santino Ceraldi, advogado que fomenta atividades de grupos italianos do Rio de Janeiro
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Comandante do 21o GAC Monte Bastione, Cel César Menine Prodóscimo
Cia de Dança Sasso apresentou uma releitura contemporânea da tarantella ao final do evento

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