Com uma live transmitida ao meio-dia de quinta-feira (20), foi inaugurado virtualmente o pavilhão brasileiro na 17ª Bienal de Arquitetura de Veneza, que será aberta ao público no próximo sábado (22). Intitulada “Utopias da vida comum”, a representação brasileira foi aberta por participações de José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, e do secretário especial da Cultura, Mario Frias — o projeto do pavilhão é orçado em R$ 1,1 milhão, divididos entre o Governo Federal (R$ 800 mil), e a Fundação Bienal (mais custos indiretos assumidos e ainda não finalizados).
Frias gravou sua participação diretamente de Veneza, para onde viajou na última terça. Em uma fala rápida, o secretário se disse orgulhoso em ver que o pavilhão retratava a “alegria do povo brasileiro” e “o homem comum”.
“As obras chamam a atenção, assisti a um vídeo imersivo muito bem produzido, retratando a alegria do povo brasileiro. É muito emocionante chegar aqui reconhecer que estamos valorizando O Homem Comum. Que essa utopia seja a liberdade, que a gente possa sempre celebrar a cultura brasileira. Somos um povo tradicionalmente caloroso, amigável. É emocionante chegar aqui e reconhecer esses sentimentos tão nobres e tão importantes para nossa nação na Bienal”, conta o brasileiro.
Após a fala de Frias, entraram ao vivo os curadores do projeto, os profissionais do estúdio colaborativo Arquitetos Associados ( Alexandre Brasil, André Luiz Prado, Bruno Santa Cecília, Carlos Alberto Maciel e Paula Zasnicoff) e o designer visual Henrique Penha. Uma das representações dos 46 países que participam do evento nesta edição, o projeto mapeia a presença das utopias na constituição do país, desde a cosmovisão guarani da “Terra sem Males” até a ocupação Maria Carolina de Jesus, na região central de Belo Horizonte (MG). Dirigido por Aiano Bemfica, Cris Araújo e Edinho Vieira, um dos vídeos comissionados para a mostra, exibido durante a visita de Frias, retrata o cotidiano de famílias que ocupam um imóvel abandonado na capital mineira.
Mais cedo, o secretário e a comitiva da Secretaria da Cultura passaram pelo pavilhão central da Bienal, onde estava montada uma outra obra brasileira independente, a instalação “Oca Red”, criada em colaboração entre o designer Gringo Cardia e o cineasta Takumã Kuikuro. A vídeo-instalação, composta também de alguns pequenos troncos de madeira, teve a parte audiovisual gravada na aldeia dos kuikuro, no Alto do Xingu (MT). Financiada pela ONG People’s Palace Projects, que tem apoio da Queen Mary University de Londres, a obra propõe formas de viver conectadas com a natureza, e a necessidade de preservação das áreas nativas e dos povos originários. Frias e a comitiva não se detiveram na instalação.
Em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, quando perguntado sobre o prêmio Leão de Ouro que Lina Bo Bardi, uma das arquitetas mais importantes do país europeu, recebe pelos projetos feitos no Brasil, o secretário disse, “Eu não conheço nada, desculpe. Me ajude”
Lina Bo Bardi nasceu em Roma em 1914 e se naturalizou brasileira. Conhecida por projetos como o complexo cultural Sesc Pompeia, em São Paulo, ela se tornou uma das maiores arquitetas do país e referência mundial sobre temas como cultura e patrimônio histórico.
Conheça algumas obras de Lina Bo Bardi:
MASP – Museu de Arte de São Paulo
Construído em 1968, o Museu de Arte de São Paulo é uma das mais importantes instituições culturais brasileiras.
Teatro Oficina
Berço do tropicalismo, o espaço foi construído na década de 60.
Sesc Pompeia
Centro cultural localizado na zona oeste de São Paulo. O local, antes uma fábrica, foi transformado pela arquiteta.
Casa de vidro
Um dos grandes ícones da arquitetura no país, localizado na região do Morumbi, em São Paulo, foi o primeiro projeto construído da arquiteta.
MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
Localizado dentro do Parque Ibirapuera, o espaço contou com dois grandes nomes da arquitetura brasileira, Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer.