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Aposta no Brasil

13 de outubro de 2021 - Por Mauricio Cannone
Aposta no Brasil

Do segmento de cabeamento e conectores, a italiana KM Corporate prepara chegada ao mercado brasileiro em janeiro de 2022. “Do Brasil vamos, depois, exportar para as Américas Central e do Norte, além de outros países sul-americanos”, diz o presidente da companhia, Santo Mario Lolicato, com exclusividade à Comunità

De San Giorgio delle Pertiche, em Pádua, província da região do Vêneto, norte da Itália, para o Brasil. Do Brasil para as Américas. Cabeamento, máquinas para exportação. Tecnologia italiana confiando na capacidade e na estabilidade dos negócios do Brasil. E derrotando até a pandemia. O empresário Santo Mario Lolicato, siciliano de nascimento e presidente KM Corporate, explica a Comunità os motivos pelos quais e como decidiu investir e estabelecer seus negócios neste lado do Atlântico.   

Comunità Italiana — Por que escolheu o Brasil?

Santo Mario Lolicato— Agradeço às autoridades brasileiras e a todas as pessoas aqui que permitiram a entrada da nossa empresa no Brasil. Espero que possa tornar-se concretamente uma indústria como já é realidade na Itália. Por que viemos para o Brasil? Porque há hoje grande oportunidade de realizar com o menor dispêndio de energia e de cobre a fiação industrial das máquinas que atualmente fazemos para 70 países no mundo. São patenteadas e produzem as que não podem ser feitas à mão.

CI — A KM tem muita demanda?

SML — Necessitamos ter empregados e galpões em condições de produzir a grande quantidade de máquinas para atender à demanda. Atualmente devemos algumas vezes até renunciar a alguns pedidos. Somos uma das poucas empresas que dizem, por exemplo: “Se esperarem dois anos, podemos lhe dar a máquina, senão peça a outro”. As nossas máquinas são muito competitivas, são muito requisitadas. Então não estamos sempre em condições de produzir as quantidades necessárias que nos pedem. Também por este motivo estamos vindo para o Brasil.  

CI — Em que áreas atuam?

SML — Vendemos máquinas a países com empresas que produzem essa tipologia de conectores. Vendemos a países que têm necessidade de ligá-los e depois produzir eletrodomésticos, automóveis ou computadores, por exemplo. Esses tipos de conectores também estão presentes na área aeroespacial. Em qualquer lugar por onde passa corrente elétrica, algum dado eletrônico ou informático, há sempre um sistema de cabeamento. Estamos também no setor náutico, na mecânica de precisão. Não há limite para nossa penetração sob estes aspectos.   

CI — Quais as maiores vantagens de operar no Brasil?

SML — Na América do Sul, essas máquinas são compradas com taxas altíssimas e com qualidade de produção não igual às nossas. Isso porque nas Américas do Norte e do Sul ainda não adotaram os conectores utilizados na Europa e na Ásia. É a grande vantagem. Somos pioneiros na América do Sul. São máquinas únicas, exclusivas. Do Brasil vamos, depois, exportá-las para as Américas Central e do Norte, além de outros países sul-americanos.

CI — Quando vão começar a produzir aqui?

SML — O Brasil tem já grande mercado neste setor. Temos a vantagem de estar no país mais importante da América do Sul do ponto de vista econômico-financeiro. E, além disso, estável do ponto de vista político. Melhor produzir 200, 300 milhões de dólares no Brasil de faturamento do que ir para outros lugares e fazer 30 milhões para cada país, certo? Em dezembro voltaremos aqui para acertarmos detalhes da empresa e em janeiro de 2022 começaremos a produzir para o Brasil.

CI — Como estão estabelecidos na Itália?

SML — Esta empresa parte da província de Pádua, no Vêneto, grande área produtiva italiana. De Pádua, o fundador Daniele Carlotto a idealizou, patenteou e produziu as primeiras máquinas da KM Corporate. O Vêneto, a Lombardia, a Emília-Romanha são os motores econômico e financeiro da Itália.

CI — O que mudou com a pandemia?

SML — No período da pandemia, nós produzimos máquinas, trabalhamos mais no setor de eletrodomésticos, tivemos incremento de 30% dos pedidos. Isso porque durante a pandemia as pessoas ficavam mais tempo em casa, utilizando mais secadores, máquinas de lavar e lavar pratos, máquinas de cozinha. Enquanto isso, os nossos concorrentes que trabalhavam quase exclusivamente nos setores automobilísticos tiveram queda de 70% porque as pessoas ficavam mais em casa. O período mais sombrio da pandemia foi em março de 2020. Ficamos três meses fechados na época do lockdown, mas depois reabrimos nossa empresa e passamos a produzir como antes. Ou melhor, mais do que antes, porque tínhamos tantos pedidos atrasados.

CI — Qual é o produto da empresa de combate ao coronavírus?

SML — Elaboramos um produto, o Kleanium. São armários nos quais médicos, enfermeiros, profissionais de saúde colocam suas roupas, sapatos, objetos pessoais, que poderiam ser vetores do coronavírus. São sanificados de modo que não contaminem a família quando voltam para casa. Nas dificuldades da pandemia tivemos a ideia de desenvolver esse produto.   

CI — Acredita na retomada do Brasil?

SML — O Brasil, como todos os outros países, Itália, Alemanha tiveram grande queda no PIB (Produto Interno Bruto) por causa da pandemia. Evento, obviamente imprevisível, que trouxe tanto desemprego, além de dificuldades sociais, econômicas. Nosso objetivo é de nos inserir num país que terá crescimento como tantos outros países e já tem produto interno bruto (PIB) importante. A vantagem é de entrar num país que tem economia quase como a do nível da Itália. O Brasil chegou a grande percentual de vacinados. Os países industrializados vão trazer muitos turistas ao Brasil. O país vive também disso. Vai recolocar o Brasil acima do nível atual do PIB. Terá grande quantidade de dinheiro para investir. Outra vantagem. O petróleo não está mais a 30, 35 dólares por barril, mas a 70, 75. Está dando lucro. Vão ter grandes quantidades de dinheiro para investir. O Brasil também é um dos grandes produtores de petróleo no mundo. Isso é fundamental para o desenvolvimento do país e ao incentivo para poder produzir, tornar-se protagonista a nível internacional. Aqui há tantos italianos, filhos de italianos. Nós nos sentimos em casa aqui no Brasil. É outra grande vantagem. Aqui as pessoas são muito afáveis, querem logo tornar-se amigas.

CI — Como os profissionais brasileiros vão se adaptar à empresa?

SML — Levaremos engenheiros brasileiros à Itália por um mês ou dois para fazer cursos, poder aprender a metodologia, a utilizar os instrumentos para depois poder realizar as peças, construir essas máquinas aqui. E, por sua vez, eles poderão depois formar outros empregados no Brasil. A qualidade se realiza graças à formação. Não só dos engenheiros, mas também dos técnicos, ou seja, por quem já fez essas máquinas, não só por quem as idealizou. Por isso queremos formar técnicos para poder trazer esse know-how para o Brasil. Nós vamos nos estabelecer em Belo Horizonte (MG), numa zona mais importante do ponto de vista da atividade de cabeamento, e em São Paulo. No Rio, queremos estabelecer outra empresa, a TLC, que atua no campo das interceptações, setor telecomunicações, mas também da IOT (Internet ofThings,a internet das coisas, neologismo que se refere à conexão digital dos objetos quotidianos com a internet) para trens de alta velocidade por exemplo. Queremos trazer isso que testamos e realizamos na Europa para o Brasil.

CI — Quantos empregos pretendem criar aqui?

SML — No período de dois anos, criamos 250 empregos na Itália. No Brasil, devido ao grande potencial deste país, acredito que poderemos igualar também em dois anos o que fizemos lá. Aqui, no Brasil, vamos confiar na capacidade do nosso administrador PhabrícioPetraglia, pessoa de grande cultura. Meu filho Alberto também estará aqui porque tem grande vontade de aprender nesse setor e ajudará a gestão das empresas que vamos estabelecer aqui.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.

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