O governo brasileiro e a Embaixada da França caminham para um entendimento na crise entre o Carrefour e a indústria de carnes nacional com uma nova rodada de conversas, nesta terça-feira, 26/11. A tensão entre os produtores de carne brasileiros e o gigante varejista francês atingiu um novo patamar no fim de semana, chegando a dimensões diplomáticas.
Tudo começou com uma declaração do CEO do grupo, Alexandre Bompard, anunciando a interrupção da compra de proteína animal dos países do Mercosul para apoiar agricultores franceses. Como resposta, os dois maiores frigoríficos do Brasil suspenderam as vendas de carne para o Carrefour no país. Além disso, 44 entidades do setor emitiram uma nota conjunta repudiando a fala de Bompard, especialmente um trecho que questionava os padrões de qualidade da produção latino-americana.
Dados indicam que a exportação para o mercado europeu representa pouco mais de 3% das vendas da agropecuária brasileira, assim, o boicote será mais significativo para o Carrefour do que para os produtores nacionais.
A ação chegou ao cenário político com integrantes da bancada agro estudando um projeto de lei de reciprocidade econômica que limitaria a assinatura de novos acordos comerciais com a França.
Enquanto isso, na diplomacia, o governo francês contatou o Palácio do Planalto e informou que o Carrefour fará uma retratação pública sobre o anúncio de interromper as compras de carne do Mercosul. O encontro entre o embaixador Emmanuel Lenain e o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua aconteceu nesta segunda-feira, 25/11. Entretanto, a crise ainda não está resolvida. No encontro no ministério, no fim da tarde, o embaixador teria apresentado a carta de Bompard.
Por outro lado, o Itamaraty se prepara para receber os principais negociadores do bloco europeu, que buscam finalizar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia até o fim do ano. As negociações ganharam impulso nas últimas semanas, especialmente após a vitória de Donald Trump. A ameaça de uma ampliação das taxas alfandegárias deixou o Brasil e a UE em alerta.
(Dados da CNN Brasil, Estadão e o Globo)