Líderes de 130 países fecharam nesta quarta-feira (2) o primeiro grande acordo da 26ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que está sendo realizada em Glasgow, e se comprometeram a zerar o desmatamento até 2030, em um investimento de US$ 19,2 bilhões. O compromisso estará no documento final que será apresentado no dia 12 de novembro.
Entre as nações que assinaram o documento, estão o Brasil, a China e a Rússia, países que registram alta nesse tipo de ação. Os 130 países representam 85% das florestas mundiais.
Parte do fundo acertado irá para países de baixa e média renda para reconstruir as áreas danificadas, enfrentar os incêndios florestais e apoiar as comunidades indígenas e tradicionais da região. O documento ainda trará uma cláusula que cria um fundo de US$ 1,5 bilhão para proteger a segunda maior floresta tropical do mundo, que fica no Congo.
Segundo a mídia britânica, os governos de 28 nações ainda se comprometeram a remover o desmatamento do comércio global de alimentos e outros produtos agrícolas, como o óleo de palma, a soja e o cacau.
“Precisamos frear a devastação das florestas”, disse o primeiro-ministro britânico e anfitrião da COP26, Boris Johnson, ao anunciar o entendimento entre os chefes de governo e Estado.
O político ainda agradeceu a assinatura do texto por Rússia, China, Indonésia, Colômbia, Congo e, “crucialmente”, o Brasil.
Draghi alerta inconsistência de alguns países na luta pelo clima
Após discursar na sessão de abertura da COP26, em Glasgow, o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, afirmou na segunda-feira (1º) que existem “comportamentos inconsistentes” por parte de alguns países quanto ao cumprimento dos compromissos de redução de emissões”.
Durante coletiva de imprensa, o premiê italiano ressaltou que essa postura dificulta o cumprimento dos objetivos de combate às mudanças climáticas, mas “com a diplomacia do confronto” não se chega a lugar nenhum.
Por isso, Draghi fez um apelo para todos os países se unirem e trabalhar juntos porque nenhuma nação “pode resolver este problema sozinho”.
“A COP26 traça o caminho que todos teremos que percorrer juntos para dar respostas a um problema que não podemos resolver sozinhos, os países não podem responder sozinhos a esses problemas. Esta é a iniciativa coletiva mais importante para esse fim”, diz Draghi. “Espero que a COP26 vá além dos compromissos assumidos no G20”, acrescenta. Segundo ele, mesmo entre os países mais relutantes em assumir compromissos climáticos, existem diferentes posições de partida, principalmente depois que no G20 houve deslocamentos positivos das posturas anteriormente assumidas pela Rússia e China.
Os governos da China, Índia e Rússia são decididamente mais mornos em relação a uma mudança radical nas ações na luta pelo clima.
Para Draghi, no entanto, “ainda existem muitas diferenças na velocidade para enfrentar os desafios”, mas a impressão é que “existe vontade de falar e dar passos em frente”.
Respondendo a uma pergunta sobre as diferentes posições desses países e da Índia, em particular depois que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou que Nova Délhi não alcançará sua meta de emissões zero antes de 2070, Draghi admitiu que “sem dúvida não há muito coerência e isso enfraquece a posição de países virtuosos”.
“Mas certamente não acho que muito se conseguiu em termos de avanços nas mudanças climáticas, indicando países culpados e inocentes. Os inocentes são muito poucos e muitos culpados”, disse o premiê. “Não é pressionando esses países que os resultados são obtidos”, alertou Draghi. (com dados da Ansa)